POR LUCIANO MATHIAS
Na quinta-feira (13) Cesare Battisti, militante de esquerda italiano de 63 anos, teve sua prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. O militante é perseguido por autoridades italianas desde a década de 70, movidas a partir de interesses patronais dirigidos por figuras da extrema-direita, dentre eles o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini.
Desde os primórdios de sua perseguição pela Itália, França e Brasil, as acusações dirigidas a ele são polêmicas e injustas. Sua primeira condenação foi no final da década de 70, no qual deveria cumprir a pena de 13 anos de prisão. Foi acusado de participação em grupo de extrema-esquerda e delitos políticos como subversão. Somente após conseguir escapar da prisão e ter aparecido na França, com direito a asilo político, que as autoridades italianas decidiram também acusá-lo por homicídio de quatro homens, com a pena de prisão perpétua. Três deles, aliás, estavam associados a ideologias e práticas neofascistas.
Battisti reside no Brasil desde 2004, é casado e tem filho brasileiro. O caso da sua permanência no país foi resolvido judicialmente em 2010 no qual, inclusive, envolveu a influência direta do ex-presidente Lula, que negou o pedido de extradição, e por 6 juízes do STF, dentre eles o próprio Fux, regularizando sua liberdade no Brasil.
O atual cenário em que passa a perseguição de Battisti é bem simbólico, no sentindo que envolve diretamente a ascensão da extrema-direita no Brasil, o governo Bolsonaro e um dos maiores perigos que vem com ela: a perseguição de ativistas, militantes de esquerda e as liberdades democráticas. Vale lembrar que um método bem utilizado historicamente em países autoritários é o de desaparecer com lideranças políticas, figuras que conseguem mobilizar, dirigir e politizar militantes.
A decisão de extraditar o perseguido político Battisti vem pelo atual presidente Michel Temer, porém as vésperas da troca de governo. Caso não esteja clara a ligação do caso com o governo Bolsonaro, vale a pena mencionar uma frase do próprio Bolsonaro em abril desse ano: “No ano que vem vou mandar um presente para vocês: o Cesare Battisti”.
O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, nomeado por Bolsonaro, posicionou-se dizendo “na minha avaliação, o asilo que foi concedido a ele, anos atrás, foi um asilo com motivações político-partidárias”. Posicionamento contraditório do ex-juiz, que tem por uma carreira motivada por orientações político-partidárias.
Somos veementes contra a perseguição ao ativista Cesare Battisti, a decisão de extraditar não é um ato isolado e tem total associação com as iniciativas criminalizar movimentos políticos legítimos, partem de um projeto autoritário de extrema-direita, com a ascensão da própria e do governo Bolsonaro.
É de extrema importância que o PSOL, os partidos políticos de esquerda e todos os setores de esquerda, que possuem a capacidade de mobilizar, saiam em defesa de Cesare Battisti, como também dos movimentos políticos e de todas figuras políticas importantes para a luta dos trabalhadores, das mulheres, da juventude e pelo socialismo.
Nesse momento em que se quer estabelecer uma correlação de forças totalmente desfavorável para os de baixo, não podemos nos curvar diante de nenhum ataque. Assim, é fundamental que a militância socialista reverta todo e qualquer ataque dirigido às liberdades democráticas em resistência e luta!