Juventude JÁ BASTA! se manifesta pela suspensão das atividades não essenciais na USP

A juventude JÁ BASTA!, composta por militantes da corrente Socialismo ou Barbárie – tendência PSOL e por independentes, solidariza-se e assina o documento a baixo elaborado pelo corpo estudantil da Universidade de São Paulo com medidas imediatas a serem tomadas pela reitoria e pelas distintas faculdades sobre as aulas EAD (Ensino a Distância) e o cronograma de atividades.

Ressaltamos a importância do movimento estudantil, através das entidades representativas, manterem-se organizados numa ampla rede de comunicação, com campanhas e elaboração de políticas e documentos como este para construir medidas concretas frente ao abandono da reitoria e da vergonhosa política do lulopetismo na direção do DCE da universidade.

Assim como alguns setores mais mobilizados dos estudantes se organizam e se colocam frente às necessidades emergenciais e contra medidas que afetem os estudantes de baixa renda, reivindicamos aqui o importante posicionamento que tem tomado a ADUSP (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo) diante da conjuntura e dos desafios universitários.

Documento:

Nós, estudantes de diversos cursos da USP, defendemos que nenhuma aluna ou aluno tenha sua saúde ameaçada ou seja prejudicado na transição das aulas presenciais para a modalidade EAD!

A atual crise causada pela pandemia do Covid-19 que estamos enfrentando é sem precedentes. Se torna fundamental nessa hora respeitar as recomendações dos órgãos internacionais de saúde, como a OMS, de evitar ações que possam colocar em risco a vida e o bem-estar das pessoas ao nosso redor e a nossa própria. Nesse sentido, a decisão de suspender as aulas na Universidade de São Paulo se fez necessária. Trabalhadores da USP estão com sua saúde posta a risco devido à falta de posicionamento das diretorias que ignoram a gravidade da situação em que nos encontramos exigindo que continuem comparecendo às unidades, principalmente o setor terceirizado da universidade, em sua maioria negras e negros, já precarizados pelas políticas de ataque do governo, cujas funções incluem a manutenção dos espaços físicos da universidade, não possuem a opção de adaptar seus trabalhos para o home office. Também levamos em consideração que mães, discentes e docentes, terão suas atividades prejudicadas devido ao fechamento de creches e escolas no cenário de não suspensão das atividades.
A quarentena é um direito de todo estudante, trabalhador e professor. Respeitar esse direito é fundamental para garantir a saúde coletiva.

Dito isso, nos posicionamos contrários ao andamento dos cursos na modalidade ensino a distância. Partimos do entendimento de que a reitoria da USP não apresentou soluções para que os estudantes sem condições materiais mínimas participem das aulas nessa modalidade. A falta dessas condições mínimas pode ser determinante no adoecimento e agravante das desigualdades dentro da universidade durante o duro período de isolamento. Os estudantes do CRUSP, por exemplo, passam por dificuldades de tal magnitude que assistir aulas online está fora de questão.

Além disso, é fundamental que o direito ao ensino de qualidade e acessível para todos seja respeitado. A política de precarização do Ensino Superior através da defesa da substituição de aulas presenciais pela modalidade EAD que vem desde o Ministério da Educação de Weintraub coloca em risco esse direito. Sendo o método de ensino à distância uma ferramenta de precarização e de exclusão, à medida em que apenas estudantes com determinadas condições materiais podem acessá-lo, nós entendemos que a sua aplicação não vem sem prejuízos para nossa formação.

Defendemos a posição da ADUSP: “As atividades presenciais e em tempo real são fundamentais para todos os processos formativos dentro da universidade pública e de pesquisa, voltada para o aprendizado e a investigação transformadora”. É necessário desde já uma defesa daquilo que entendemos como o método adequado de ensino!

Nós defendemos:

– A suspensão das atividades não essenciais na USP.

– Que aulas online só aconteçam se for garantido que 100% da turma tenha acesso a elas, caso contrário, que sejam suspensas.

– Que as atividades a serem entregues não sejam obrigatórias.

– Que as atividades avaliativas sejam adiadas no retorno pós-isolamento social.

– Que seja possível, no pós-quarentena, a reposição de aulas, principalmente as de caráter prático.

– Que em hipótese alguma a modalidade EAD se mantenha após o pleno retorno das atividades na USP, exceto se assim a disciplina foi estruturada.

– Que trabalhadores sindicalizados e terceirizados da universidade em unidades não consideradas essenciais sejam dispensados com remuneração e sem necessidade de reposição de horas após o fim do período de distanciamento social.

– Que as bolsas de monitoria, PUB e de extensão sejam mantidas mesmo com a suspensão das atividades devido à falta de acesso à internet por parte de estudantes e impossibilidade de cumprimento de carga horária pessoalmente em laboratórios, sala de docente ou unidade de saúde e afins.

Entidades que assinam este documento:
CAER – Centro Acadêmico Emílio Ribas (Nutrição e Saúde Pública)
CEFISMA – Centro Acadêmico do Instituto de Física USP
CEQHR – Centro de Estudos Químicos Heinrich Rheinboldt
Associação Atlética Acadêmica XXXI de Agosto (Nutrição e Saúde Pública)
Jabuteria (Bateria da Faculdade de Saúde Pública)
SAAU – Secretaria Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo (São Carlos)
CAASO – Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (São Carlos)
CAII – Centro Acadêmico Iara Iavelberg (Psicologia)
CALC – Centro Acadêmico Lupi Cotrim (ECA)

Assinam esta nota:
GT de Mobilização FSP-USP