ARGENTINA: Crise no governo e greve geral
Renuncia Luis Caputo ao cargo de presidente do Banco Central
Por Federico Dertaube, 25/09/2018
Enquanto se desenvolve uma greve geral histórica, com piquetes em todas as partes do país organizados pela esquerda, com milhões de trabalhadores expressando seu descontentamento parando a produção e os serviços … o presidente do Banco Central, confidente de Macri por anos, renuncia , alegando “razões pessoais”. Verdadeiramente, esta desculpa em plena greve geral é nada menos que incrível. Ninguém, absolutamente ninguém pode acreditar nas “razões pessoais”.
Caputo é o segundo presidente do Banco Central que renuncia sob Macri. A ambos “roubaram seus postos” as crises cambiais e, agora, políticas. É evidente que sua renúncia é o resultado de uma combinação do fracasso das novas negociações com o FMI e a enorme força do desemprego atual. Como se verificou, aparentemente o Fundo adiantaria apenas 5 bilhões de dólares, enquanto o governo pedia 20 bilhões. Com esses fundos, eles procuraram conter a taxa de câmbio em relação ao peso. E parece que o FMI não estava disposto a ceder ao que o governo queria e precisava.
A política do FMI parece ser a de impor de fato o “dólar flutuante”: que as corridas contra o peso continuem a acontecer até deixar praticamentemente nenhum sinal de valor próprio ou moeda nacional para a Argentina. Se assim for, a economia pode não ter preços e os riscos de cair em uma nova hiperinflação continuam a crescer.
Macri não se aguenta mais e não podemos esperar até 2019. Eles querem nos fazer “suportar” mais um ano de aprofundamento desta crise e de ajuste. Como podemos ver, até mesmo os funcionários macristas entendem isso mais do que os líderes sindicais traidores e o kirchnerismo: Caputo não esperou por 2019. Com a saída de Caputo, oscila todo o plano do governo enquanto Macri baila em Nova York rodeado pelos da mais alta linhagem. Macri baila no Titanic.
Tradução José Roberto