EUA: Atrás na disputa, Donald Trump sugere adiar eleição americana

Foto: Ters/Tasos Katapodis

Com a justificativa de que uma possível eleição realizada pelos correios, devido à pandemia, pode ser fraudulenta, sem apresentar evidências republicano tenta ganhar tempo e desviar a atenção da desvantagem que enfrenta contra o rival Joe Biden do partido Democratas.

Rosi Santos

O presidente dos EUA, Donald Trump, falou quinta-feira (30) sobre a possibilidade de adiar as eleições presidenciais marcadas para novembro, já que a proposta é que o pleito ocorra pelos correios devido à pandemia do novo coronavírus que já causou mais de 150 mil mortes no país. A consulta pelos correios já vem sendo usado massivamente nas primárias e seu resultado vem demonstrando possível de derrota de Trump.

Trump vem apresentando uma desvantagem considerável nos principais estados do país. Na Flórida aparece com 13 pontos atrás de Joe Biden, enquanto na Pensilvânia ele tem 10 pontos de diferença. Estes são estados-chave, além disso, em Ohio, Arizona e Michigan, o presidente é um perdedor proeminente. Hoje, nem mesmo em estados em que os republicanos têm uma base sólida, como no Texas, por exemplo, não é possível afirmar se Trump sairá vitorioso.

A participação nas eleições americanas não é obrigatória, por esse fator muitos estados já realizam votação remota há anos e não relatam incidentes que poderiam invalidar qualquer processo eleitoral. O questionamento de Trump, se fosse pelo bem da democracia, seria até razoável, mas sabemos como o reacionarismo é especialista em criar terror e evocar o fantasma da fraude e da corrupção entre a massa, prova disso é que o bolsonarismo usou amplamente esse mecanismo para chegar à Presidência em nosso país.

Declaração em seu perfil no Twitter nessa quinta-feira (30)

O país com a democracia mais sólida do globo nunca atrasou as eleições presidenciais, nem mesmo durante a Guerra Civil. Por isso, Trump teria que travar uma batalha contra a Constituição e o Congresso para mudar a data da eleição, desgaste que, como apontamos, não sabemos se está em condições de comprar.

O reacionarismo preocupado

A impressa americana e Joe Biden há algum tempo veem denunciando que o magnata fará o possível para adiar a eleição. E há alguns dias antes do aumento do impacto internacional de uma possível derrota, Trump, ao ser questionado durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, rejeitou categoricamente a hipótese de adiamento. “Nunca pensei em mudar a data. Por que faria isso?”. No entanto, nessa mesma semana minutos após o anúncio de uma queda histórica do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre de 32,09% resultante dos efeitos da pandemia Trump mudou radicalmente de opinião e trazendo essa possibilidade para tabuleiro político do epicentro da economia mundial.

Esses giros táticos possivelmente podem ocorrer no Brasil. O governo Bolsonaro, com o anúncio da saída do DEM e do MDB do chamado “Centrão”, anunciado na segunda-feira passada (27), também se encontra em uma situação política menos confortável para levar suas reformas. Tendência anteriormente já apontada com a derrota na votação do Fundeb. Ou seja, podemos estar vivendo uma mudança na superestrutura política do nosso país que ainda não sabemos se reduzirá a capacidade de ataques deste governo, mas que trás mais desafios no que pese votações de caráter neoliberal, como a “reforma” da Previdência, e que exigirá uma maior unidade das frações da burguesia.

No entanto, por mais que ambos governos não se reelejam nas próximas eleições, um enorme estrago já foi perpetrado e precisa ser revertido. A política genocida contra os efeitos da pandemia e os ataques incessantes às massas exploradas, à juventude trabalhadora e negra. Ataques que ocorrem desde a violência policial, ao desemprego ascendente nessa faixa etária e pelo aumento da violência contra as mulheres e LGBTQI+ em nosso país não podem esperar até as eleições de 2022.

Por isso, é necessário, que todos se somem a uma luta séria contra à narrativa política odiosa e antidemocrática em curso, bem como, qualquer nova tentativa de ataque aos direitos das massas trabalhadoras, e, principalmente, contra a esquerda, feito por estes dois governos. O conjunto deste movimento reacionário é um fenômeno que precisa ser rebatido pela luta direta nas ruas por toda a esquerda e pelos explorados e oprimidos.

Fora Trump, fora Bolsonaro!