ANTONIO SOLER
Ato que reuniu milhares de pessoas na capital paulista em frente ao Pacaembu acabou em uma gigantesca carreata pelas principais vias da cidade. Esse ato político é uma certa novidade pela sua composição, uma unidade entre entregadores por aplicativo e professores, que só se pode compreender pela profunda precarização pela qual passam todas as categorias, precarização que se agrava durante a pandemia.
Renato Assad, entregador e professor de escola particular, que vai se colocando como uma das lideranças do movimento, falou durante o encerramento do ato e previamente ao início da carreata. “Essa guerra não acabou, não é do dia para a noite que vamos conquistar nossos direitos…com muito sangue, com muito suor e com muito sacrifício é que conquistamos nossos direitos”. E finalizou sua fala convocando os entregadores para a próxima manifestação na sexta-feira que vem.
Essa manifestação em comum entre essas duas categorias tem como pano de fundo a precarização estrutural dos entregadores que são superexplorados pelas plataformas digitais. Além de não terem acesso à alimentação, água, banheiros, esses trabalhadores recebem taxas baixíssimas por entrega, eles são desligados sistematicamente das plataformas de forma injusta e unilateral.
De outra forma, os professores das redes privadas e públicas de ensino também passam por um intenso processo de precarização em seus contratos e condições de trabalho, chegando ao cúmulo do governo do estado de São Paulo, João Dória, determinar o retorno das aulas presenciais em pleno ápice de contágios e mortes pela Covid-19.
Como disse Assad, a luta autêntica e vitoriosa dos trabalhadores e das trabalhadoras só se constrói com auto-organização independente. A luta dos entregadores – agora como essa bela unidade com os professores – muitas vezes não obtém conquistas econômicas imediatas, mas está avançando em grau de organização, participação e programa.
Os entregadores demonstram que não se pode ficar inerte diante do verdadeiro genocídio pandêmico que estamos vivendo por responsabilidade de Jair Bolsonaro. Essa jovem categoria de trabalhadores – como categoria e como composição etária – é uma grande inspiração para todos os trabalhadores e oprimidos, para a esquerda e para todos que se dizem defender os direitos democráticos.
Além de dar o exemplo de luta, ao fazer as suas primeiras experiências, nesse momento de maior possiblidade de luta para derrotar o governo genocida de Bolsonaro, é importante que vá incluindo em suas bandeiras, além das específicas, as que interessam aos entregadores e a todos os explorados e oprimidos como um todo, tais como: vacinas para todos, lockdown nacional, renda mínima de um salário para todos e, claro, Fora Bolsonaro genocida já!
Viva a luta dos entregadores, viva a unidade dos explorados e oprimidos!