Gabriel Mendes
O governador e o prefeito de São Paulo deram coletiva nessa segunda-feira(6) e anunciaram o prolongamento do período de quarentena e isolamento social por mais vinte dias, quarentena que terminaria hoje, dia 7/3. Com a #FiqueEmCasa em destaque na frente de cada orador os dois tucanos continuam se empenhando em demonstrar sensatez frente à pandemia, algo que é facilitado e muito diante da política negacionista e anti-ciência que rejeita todas as recomendações de organizações e profissionais de saúde.
Durante o discurso, Doria se contrapôs a Bolsonaro apresentando uma linha de sensibilidade diante do crescente número de infectados e mortos pelo Covid/19, defendendo as recomendações da OMS e aproveitando para “”cutucar” Bolsonaro citando cada um dos membros do governo federal que hoje esboçam uma linha alternativa ao negacionismo genocida.
O tucano que em 2018 se elegeu pelo Bolsodoria e defende em seu governo repressão e extermínio pelas polícias, igual ao presidente,procura agora se alavancar politicamente em meio a crise, para isso precisa se diferenciar politicamente. Mas suas medidas estão longe de apontar para a ampliação de verbas para o sistema público de saúde ou para a aplicação de testes massivos de Covid-19, cuja subnotificação é notória e já apontada por imprensa e profissionais de saúde.
A solução apresentada por Doria é ampliar a quarentena sem apresentar alternativas para os trabalhadores que mantém suas atividades, sem exigir a efetivação da renda mínima emergencial que foi aprovada semana passada no congresso mas até hoje retardada por Bolsonaro/Guedes. O governador de São Paulo coloca a repressão para agir, sua principal medida anunciada no pronunciamento é colocar a Polícia Militar para abordar, prender pessoas e reprimir aglomerações.
Essa é uma variante da política da burguesia, que generaliza a quarentena sem medidas de prevenção e alternativas, sem testes massivos que possibilitem dar uma real dimensão da pandemia que se expande para os bairros populares e sem alternativa para trabalhadores de setores essenciais que continuam trabalhando, informais que continuam se arriscando mesmo com medo de contágio e moradores de rua que seguem expostos e sem direito à quarentena.
Na prática esse é a linha política de quem se postula como alternativa diante o crescente isolamento de Bolsonaro. O “equilibrado” Doria, enquanto aparece como lado sensível, aplica em seu governo a demissão de trabalhadores nas escolas públicas estaduais, impondo a quarentena pelo desemprego, e colocando a repressão para atuar ao invés de apresentar uma política própria que apresente medidas de prevenção contundentes, defesa da renda emergencial, encerramento das cobranças das contas de gás, energia elétrica e aluguéis e abrigos para todos aqueles que estão nas ruas expostos como alvos fáceis para a expansão dessa pandemia que continua crescendo e trazendo horrores diários.