Professorxs em movimento

Estamos vivenciando um cenário inédito, de uma gigantesca crise de saúde pública a nível mundial e, consequentemente, econômica. No Brasil esse fenômeno não é diferente e afeta diretamente as populações mais pobres e desassistidas pelos poderes públicos.

Uma crise de saúde pública que desembocou em uma crise econômica, expõe as facetas do capitalismo mundo afora, no tocante ao acesso da população mundial em ter acesso a serviços médicos públicos e gratuitos. Ao mesmo tempo veio à tona a quantidade de pessoas consideradas invisíveis perante o poder público e a própria sociedade de um modo geral.

Somente na capital de São Paulo existem mais de 25 mil pessoas morando nas ruas da cidade, um aumento de aproximadamente 53% em cinco anos[1], expondo a quantidade de pessoas que necessitam de atenção por parte do poder público nos quesitos mais básicos, saúde, alimentação, moradia, etc.

Em relação aos trabalhadores informais, outro dado alarmante, segundo o IBGE, é de que no Brasil quase 34 milhões de trabalhadores estão nessa situação, e viram suas rendas derreterem com o avanço do coronavírus, e desta forma necessitaram da ajuda dos governos municipais, estaduais e federal.

 No entanto, existem várias contradições quanto a esta ajuda financeira em época de crise econômica. Dentro do sistema capitalista a prioridade é de ajuda financeira aos patrões e as grandes empresas, sobrando apenas as migalhas do montante para investir em auxílios à classe trabalhadora. Sendo assim, os patrões enquanto representantes do capital têm algo em comum com os governantes, a prioridade em manter a saúde financeira daqueles em detrimento da vida da classe trabalhadora.

A PRIORIDADE É A DEFESA DA VIDA E DA DIGNIDADE HUMANA

Diante do avanço da pandemia do Covid-19, o discurso dos governos liberais está revelando a covardia e a perversidade do sistema capitalista, enquanto fazem um “pseudo-discurso” de preservação dos empregos para a população nessa época de crise econômica mundial.

 Vários gerentes do capital têm se utilizado da pandemia do coronavírus para enxugar o estado e realizar várias demissões de trabalhadores terceirizados, para aumentar seu caixa e desta forma financiar o próprio capital. No estado de São Paulo onde o governador João Dória “ex-aliado” de Bolsonaro, que tenta rivalizar sua posição política em relação ao isolamento social, mate sua política de maldade em relação aos trabalhadores.

Logo no início da política de isolamento social no estado, o governador João Dória (PSDB), que demorou a suspender às aulas no estado, após muita pressão do Sindicato da APEOESP, resolveu a suspensão total das aulas. Porém, ao mesmo tempo de resolver suspender o contrato das trabalhadoras/os terceirizados ligados a secretaria de educação no estado.

 Essas vítimas da violência do desemprego em sua grande maioria são às mulheres negras, que comandam a renda familiar em suas residências e, as vezes, são complementadas por mulheres aposentadas.

Neste momento de crise da pandemia do coronavírus Covid -19, a crise econômica e social demonstra que tem cor e classe social. As principais vítimas continuam sendo as mulheres negras, e consequentemente as empregadas domésticas, que na sua totalidade são compostas por representantes da comunidade negra.

Enquanto a patronal exige a volta ao trabalho da população, pois são os legítimos produtores de riqueza, as empregadas domésticas não tiveram a oportunidade de afastamento dos seus postos de trabalho e continuam a realizar os afazeres domésticos de suas patroas/es, em alguns casos contaminados pelo Covid-19

Neste momento de aprofundamento da crise social, econômica e sanitária, as políticas públicas de assistência social dos governantes não prevêm auxílio emergencial para essas pessoas, levando para fila do desemprego várias merendeiras, cuidadoras, faxineiras, mulheres chefes de famílias, que irão ficam ficar sem rendas durante esse período de pandemia do coronavírus.

O auxílio merenda proposto por João Dória, de R$ 55,00 é totalmente insuficiente para essas mulheres trabalhadoras, que segundo dados da Fundação SEADE, são quase 40% das mulheres na linha de frente destas famílias[2].

Não existe compaixão e solidariedade entre capital trabalho, levado à risca pelos capitalistas e seus representantes, desta forma a conta da crise está posta novamente na conta da classe trabalhadora. O respeita a vida e a dignidade humana, não existe para o governo de Bolsodória que serve de exemplos para outros governos no estado de São Paulo.

Na cidade de São Bernardo do Campo, o prefeito Orlando Morando faz questão de seguir a risca os ensinamentos de seu padrinho político, e também resolveu demitir trabalhadores terceirizados ligados à secretaria de educação, com a desculpa das escolas estarem fechadas durante esse período de quarentena e não fazer sentido o governo realizar o pagamento destas/es funcionários, portanto o “mais correto” seria realizar demissões, ou seja, contenção de gastos.

A política de assistência social do prefeito foi entregar uma cesta básica pra estudantes matriculados na rede municipal, porém muito aquém das necessidades destas famílias, além de não complementar com um auxílio econômico para compensar a falta de renda destas famílias, e principalmente das trabalhadoras terceirizadas que perderam seus empregos.

Porém, novamente um ataque direto às mulheres que estão nos trabalhos mais precarizados dos serviços públicos, como faxineiras e merendeiras, a lógica é a mesma do capitalismo – a de atacar e destruir emocionalmente os mais fragilizados, principalmente durante um período de quarentena em que é necessário isolamento social.

Durante esse período de restrição social, quando as famílias precisam ficar confinadas em casa, vários problemas de caráter social começam a ser expostos dentro do ambiente familiar. Crianças dentro de seus lares, geralmente sem espaços para o lazer, além de levar a um aumento da necessidade alimentar, já que estão em casa e não nas unidades escolares onde receberiam a alimentação da merenda, fator que aumenta o estresse dentro desse ambiente.

O número de violência doméstica vem aumentando em todos os estados brasileiros durante esse período de isolamento social, e não vemos uma luz no fim do túnel, pois a previsão de isolamento prevê um período ainda maior de distanciamento social.

Não podemos aceitar nenhuma demissão neste momento e devemos exigir licença remunerada para todas trabalhadoras/es terceirizadas/os, além do aumento do auxílio emergencial por parte dos governos municipais, estaduais e federal.


[1] Senso realizado pela prefeitura de São Paulo no ano de 2019.

[2] Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados