Publicamos a seguir a declaração do núcleo de militantes do PSOL Augusta (São Paulo) que expressa toda a revolta contra a liquidação política, sob métodos estalinistas, que a direção majoritária do partido, junto de organizações como MES, Resistência e Insurgência vêm impondo para o PSOL. Nesta segunda-feira (18) às 17h está sendo convocado um ato em frente a sede do partido em São Paulo para que no Diretório Nacional não aprovem uma federação com um partido burguês como a REDE, bem como pela suspensão imediata das negociações do ingresso do PSOL na frente burguesa com Lula e Alckmin. Ou freamos diante do abismo ou será o fim de nosso partido como ferramenta de organização e mobilização da classe trabalhadora!

REDAÇÃO

Nós, militantes do Núcleo Augusta PSOL – São Paulo – indignados e muito preocupados com a orientação política da direção do PSOL e os métodos antidemocráticos utilizados para levar adiante as decisões partidárias, e sob um cenário de profunda crise política e social nacional, publicamos nesta nota nosso posicionamento sobre a federação partidária com a REDE e o ingresso do PSOL na frente ampla de Lula e Alckmin.

No último Congresso Nacional do PSOL, realizado em setembro de 2021, fora votada a construção de uma frente de esquerda, onde o PSOL tomaria os desafios políticos para efetivá-la.  Entretanto, o que temos acompanhado é justamente o oposto: uma movimentação de cúpula, sem discussão com a base do partido, que indica uma aliança do PSOL com partidos burgueses e, pela primeira vez em nossa história, uma luta para impedir uma candidatura própria (independente e com um programa anticapitalista) para a presidência encarnada pelo companheiro Glauber Braga. 

Após uma reforma política, encabeçada em 2017 pelo então Deputado e Presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha, entram em vigor para a próxima eleição a cláusula de barreiras em um 2% e a federação partidária, que substitui as antigas coligações. Em uma tentativa institucional de recomposição “pelo alto” do sistema de representação política para “salvar” os partidos de direita e forçar os partidos de esquerda a composições ao centro, essa antidemocrática reforma tem sido utilizada para defender o indefensável: a federalização do PSOL com um partido burguês, a REDE. Isto implica em uma atuação conjunta nos próximos quatro anos nas instâncias municipal, estadual e federal com um programa e estatuto unificados que interferem diretamente no estatuto de nosso partido!

Outra movimentação extremamente alarmante que faz a direção do PSOL, encabeçada por Juliano Medeiros e Guilherme Boulos – este último que, de maneira monocrática e por cima das bases, retirou sua candidatura ao governo de SP por um projeto político pessoal -, é a adesão à frente ampla de Lula e Alckmin. Passando por cima das decisões congressuais, essa movimentação em direção ao apoio e composição de uma frente burguesa de conciliação de classes traz a necessidade, assim como a federação com a REDE, de uma luta implacável pelas bases para derrotar esse caminho que pode decretar a adaptação total do PSOL como um partido da ordem e sua falência como instrumento de organização e mobilização da classe trabalhadora.

O Núcleo Augusta é formado por militantes integrantes de diversas correntes e independentes – assim como é o Psol – e, consequentemente, há divergências de opiniões. Entretanto, após amplo debate sobre o tema, foi consensualmente aprovado em reunião e posteriormente ratificado em votação por ampla maioria dos seus militantes a publicização do nosso posicionamento. Assim, nos posicionamos:

– Contrários à federação partidária com um partido burguês como a REDE;

– Contrários ao apoio e ingresso do PSOL na frente burguesa de conciliação de classes com Lula e Alckmin;

– Pela suspensão imediata das negociações do PSOL com a frente Lula e Alckmin, assim como com a REDE;

– Em defesa da candidatura de Glauber Braga para a presidência com um programa anticapitalista, bem como de candidaturas próprias em todos os estados;

– Por uma frente de esquerda socialista e independente com PSTU, PCB e UP;

– Convocando a militância nacional do PSOL a se rebelar e a não cumprir qualquer decisão antidemocrática da direção do partido que ultrapasse os princípios da nossa independência de classe. É preciso defender o projeto fundacional de nosso partido! 

As votações sobre a federalização com a REDE e o ingresso do PSOL na frente burguesa com Lula e Alckmin ocorrem respectivamente nos próximos dias 18 e 30 de abril.