Renato Assad
Estava marcado para este último domingo (17), na cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), região conhecida pelo seu peso político de extrema direita, com uma base social bolsonarista extremamente fiel que não se envergonha de levar a cabo pelas ruas todo o projeto autoritário da extrema direita, mais uma manifestação pelo fechamento do regime, das instituições democráticas e em defesa de um golpe assim como de um “novo”AI-5.
Porém, os fascistas reunidos em frente ao Comando Militar do Sul foram surpreendidos por um grupo de manifestantes antifascistas, que sob as palavras de ordem “recua, fascista, recua! É o poder popular que está na rua!” impediram que o ato pró-Bolsonaro pudesse acontecer, botando essa abjeta corja para correr, literalmente. Em Brasília, neste mesmo horário, mais uma vez um grupo de corintianos tomaram, desta vez, os arredores do Palácio do Planalto para enfrentar o mesmo tipo de ato do qual o presidente participava.
Bolsonaro e sua base social, hoje acampada e armada (literalmente) em frente ao Congresso Nacional, seguem apostando de maneira explícita no tensionamento político para poderem eventualmente “justificar” um possível fechamento do regime democrático. Por mais que não defendamos a democracia burguesa (sem nenhuma confiança nesta), é preciso entender a gravidade do cenário hoje, que caminha a passos largos em um sistemático ataque aos direitos democráticos para colocar uma derrota histórica aos trabalhadores.
Isto é, o projeto bolsonarista em sua totalidade recai única e exclusivamente sobre os setores dos explorados e oprimidos e que pode ter consequências dramáticas para os de baixo, como o fim do direito de livre organização e uma perseguição incisiva e criminosa à oposição e suas lideranças, partidos, movimentos, sindicatos e etc. É preciso ter clareza do que pretende Bolsonaro, sustentado majoritariamente pela ala militar e alinhado a agenda do capital financeiro, sem cair em leituras impressionismos e sem subestimar nosso inimigo.
O que o movimento antifascista gaúcho protagonizou neste domingo, foi uma verdadeira e clara demonstração política de como deve-se enfrentar a base bolsonarista, mesmo em tempos de pandemia. Há tempos vínhamos reivindicando que é preciso avançar nos métodos de luta, que respeitem o isolamento social e as medidas sanitárias, mas que avancem para além do campo “online” e virtual. Não podemos aceitar e nos dar o luxo de assistir de forma passível, isto é, sem levar em consideração as graves consequências que estão por de trás das manifestações nacionais desta base social fascista.
Ressaltamos previamente, inúmeras vezes, que nenhum pedido de impeachment irá avançar exclusivamente pela aritmética parlamentar e pelo “bom senso” do presidente da Câmara Rodrigo Maia, este que recentemente voltou a ser namorado pelo presidente Bolsonaro. A equação sempre apresenta o seu resultado na luta de classes e hoje, na nossa embrionária democracia, mais do que nunca, ecoam os sinais de alerta. Por isso nossa luta deve ser construída permanentemente até as ultimas consequências.
A atual conjuntura nos coloca desafios e responsabilidades emergenciais, estamos diante de uma encruzilhada histórica que demanda uma ação radicalizada, em unidade de ação, imediatamente. Para além da necessária e imediata elaboração de um pedido de impeachment em frente única de todos os partidos da esquerda e progressistas que defendam os direitos democráticos, papel central que deve cumprir o PSOL e o PT (maior bancada do congresso), é preciso reivindicar e construir intervenções políticas como as que vimos neste domingo, simultaneamente avançando para que as campanhas de solidariedade e enfrentamento da pandemia se constituam em comitês de resistência e luta. O tempo urge.
Fora Bolsonaro e Mourão!
Eleições Gerais Já!
Nenhum trabalhador e trabalhadora a menos!