Brasil supera 50 mil mortes por Covid-19

A luta por derrotar Bolsonaro e a pandemia no Brasil é uma só

Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus. Foto: Marcio James/Semcom. Agência Senado

A Covid-19 já ultrapassou 50 mil vítimas fatais no Brasil – país que assume o 2º lugar no ranking mundial – devido à politica negacionista e genocida de Jair Bolsonaro. Para que possamos controlar o contágio e salvar milhares de vidas, faz-se necessário derrotar e expulsar o neofascista do poder. Por essa razão, é preciso desenvolver um processo unificado de lutas em defesa de um plano emergencial dos trabalhadores para enfrentar a pandemia de forma combinada com a luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão.

ANTONIO SOLER

Apesar de ter uma curva muito parecida, em termos de aceleração de contágio, o Brasil apresentou um ritmo menos acelerado do que os EUA, que atingiu 50 mil mortes há quase dois meses atrás. Não coincidentemente, o reacionarismo, a política negacionista e o darwinismo social comum aos governos dos dois países, fizeram com que respondamos por 37% dos óbitos no mundo, apesar de termos apenas 7% da população mundial.

No caso brasileiro, as regiões mais populosas (Sudeste e Nordeste) e as capitais nacionais do Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro)[2] respondem por 2/4 do número de contágios, mas o processo de interiorização da transmissão se acelera em direção a lugares em que a rede de saúde dispõe de muito menos estrutura, equipamentos, insumos e pessoal da saúde.

Como os dados são muito aproximativos, não podemos tirar conclusões definitivas, mas além do fator etário e comorbidades, existem indicadores bastante robustos da relação entre região e desigualdade social com a mortalidade da Covid-19. No norte, a taxa de letalidade chegou a 46,2 para cada 100 mil pessoas, Sudeste a 25,7, Nordeste a 27,4, Centro-Oeste a 6,3 e no Sul a 3,6. Em termos comparativos, a taxa de letalidade por 100 mil habitantes na Argentina é de 2,2 e nos EUA de 38.[3]

A criminosa política darwinista social e genocida de Bolsonaro e do seu bloco de poder protofascista chega ao absurdo de não haver nenhum ministro ocupando o cargo no Ministério da Saúde – após a demissão dois ministros que, apesar de alinhados politicamente, não concordaram como o negacionismo de Bolsonaro.

Com a pressão da patronal e do governo Bolsonaro, que mesmo diante da catástrofe segue em sua linha negacionista, vemos hoje a abertura do comércio pelos estados e capitais mais populosas. Medida essa totalmente deplorável e que pode levar a um novo repique antes da desaceleração do contágio, adoecimento e mortes. Pois, em que pese a redução da aceleração do fator de contágio – no caso brasileiro estudos indicam que baixamos para Rt 1,1 –, temos baixíssima testagem, portanto, um número totalmente incerto de contágios, doentes e mortes, uma ocupação de 80% dos leitos das UTIs públicas, além de falta de equipamentos e pessoal de saúde.

Jogar todo o peso na luta para salvar vidas

Apesar das tremendas desigualdades entre os dois países, essas taxas de mortalidade de Brasil e EUA só podem ser explicadas pelo negacionismo, reacionarismo e darwinismo social que permeiam o governo de Bolsonaro e o de Trump, pela profunda desigualdade social e pela correlação de forças política extremamente desfavorável entre as classes/raças existentes no centro do imperialismo e no Brasil.

A relação entre a correlação de forças entre as classes sociais e letalidade da pandemia é certa. No caso apontado, correlação de forças que se manifestou nas eleições presidenciais de Trump em 2016 e de Bolsonaro em 2018, mas que foi construída anteriormente com a falência dos respectivos governos de colaboração de classes de Obama e de Dilma e com a onda reacionária que se seguiu.

Processo complexo que não cabe neste espaço uma análise detida, mas que de forma ampla serve para confirmar a lógica de que, se a classe trabalhadora e os oprimidos não avançarem de forma autônoma aos patrões e à burocracia – lulista no caso brasileiro – permanentemente em sua luta, as conquistas tendem a se transformar em derrotas.

No entanto, já estamos em outro momento. Nos EUA, a rebelião negra estadunidense abriu uma nova conjuntura com repercussão política mundial, podendo assim colocar uma nova correlação de forças mais favorável parar os explorados e oprimidos deste país. No Brasil, o processo de mobilização nas ruas, a perda de apoio no governo, a divisão da classe dominante e as denúncias constantes, abriram uma conjuntura na qual podemos derrotar Bolsonaro.

Assim, da mesma forma que não podemos deixar de mobilizar – como foi erroneamente feito em São Paulo no final de semana passado – para expulsar o presidente neofascista do poder central e todo o seu governo, é preciso ter política independente para enfrentar a crise pandêmica com medidas emergenciais que garantam o isolamento social, renda mínima para os desempregados, condições de trabalho e transporte seguros para as atividades essenciais, testagem em massa, leitos, equipamentos e pessoal da saúde em condições de trabalho.

Não há falta de dinheiro/riqueza para salvar vidas. Esse conjunto de medidas pode e deve ser tomado a partir da luta para taxar as grandes fortunas e suspender o pagamento da dívida pública – só essa tira do país cerca de R$ 1 trilhão por ano. Ou seja, sobrará dinheiro para o combate à pandemia se os que enriquecem às custas da exploração do trabalho forem minimante taxados.

Mas essa é uma luta por um plano emergencial de combate à pandemia que não pode ser feita de maneira separada da luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Ao contrário, na verdade, as duas são uma só, pois a luta por um plano dos trabalhadores para salvar vidas só se efetivará com a partir de um maior enfraquecimento e da derrota definitiva desse governo e de sua política genocida e neofascista, que quer impor o fechamento do regime para atacar ainda mais a nossa classe e ao conjunto dos oprimidos.

Derrotar já negacionismo bolsonarista para salvar vidas!

Plano emergencial para enfrenta catástrofe sanitária!

Fora Bolsonaro e Mourão!

Eleições Gerais! 


[1] Dados: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/06/mortos-pelo-coronavirus-no-brasil-chegam-a-marca-de-50-mil.shtml

[2] No estado de São Paulo são mais de 210 mil doentes e mais de 12 mil óbitos e no Rio de Janeiro mais de 100 mil casos e 9.000 óbitos.

[3] Depois da eclosão da Covod-19 no Brasil e a letalidade avança mais entre os negros e população de menor renda, a subnotificação é maior nas regiões mais pobres.