Bolívia: O MAS entrega a luta contra o golpe

O acordo de traição entre parlamentares do MAS e o governo golpista de Añez

Por Redação do IzquierdaWeb

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Hoje foi publicado os detalhes do acordo entre o governo de Añez e os parlamentares do MAS. Nele o golpe é legitimado e se estabelece como fato consumado o curso de sangue e fogo estabelecido por ele.

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A bancada de senadores do MAS, majoritária, acatou a “renúncia” de Morales e Linera e a convocação de eleições presidenciais sem eles daqui a 5 meses. Foi tentado um acordo para barrar a perseguição a Morales, mas os golpistas não recuaram: Añez o caracteriza como “terrorista”. No entanto, continua a perseguição à militância do MAS e a dezenas de funcionários que foram obrigados a renunciar (governadores, prefeitos e etc.).

A traição é particularmente escandalosa, uma vez que os parlamentares aceitaram novas eleições em condições de proscrição, criminalização e exílio do seu próprio partido. As novas eleições aceitas pelo MAS são uma total fraude imposta pela força.

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Em consequência exposto, o Tribunal Supremo Eleitoral seria formado novamente com membros indicados pelos golpistas. Por sua vez, a Corte Suprema mudaria o critério anterior e proibiria a participação nas eleições de Morales e Linera.

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Diante destes fatos crus e nus, seria legitimado o golpe através de uma hipócrita tintura “democrática”.

Sequer se permitirá que Morales e Linera terminem o mandado presidencial.

Consolida-se, assim, uma saída de direita “a la Brasil” após o impeachment de Dilma. Com manobras judiciais e policiais extra eleitorais, Lula foi deixado fora das eleições sendo o candidato com maior intenção de voto. Nesse caso, quem seria deixado para fora é Morales, que acaba de obter 48% dos votos em uma eleição que será anulada.

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De outra parte, frações minoritárias do MAS estariam negociando uma “moderação” do decreto que dá carta branca ao exército, livrando-o de toda responsabilidade penal pela repressão e mortes. Sobre isso, no entanto, não se sabe de nada real e as forças armadas seguem atuando impunemente.

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Tudo isso se faz sobre o sangue ainda quente dos mortos em Sacaba e Senkata, isso é uma vergonhosa traição dos parlamentares do MAS à luta antigolpista. Enquanto as massas populares nas ruas colocam a vida na rebelião contra o golpe racista, eles entregam a luta. Supõe-se que o fazem em troca da manutenção dos seus cargos no parlamento…

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O cúmulo, segundo informações, é que, além de tudo, Mesa e outros candidatos reacionários, como o fascista Camacho, seriam autorizados a se apresentarem como candidatos nas eleições. Tal qual Bolsonaro, querem se dar bem em meio à repressão sobre a oposição antigolpista, a proscrição do MAS e o giro à extrema direita de setores das classes médias. Camacho foi presidente da “União Juvenil Cruceña”, um grupo abertamente racista e fascistóide, que formou grupos em 2008 que convocavam abertamente para “matar os cocaleiros”.

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Trata-se de uma repugnante traição que apenas pode ajudar a consolidar os golpistas sobre a cabeça do povo em luta. Os setores “progressistas” que apoiam este acordo miserável, ao colocar confusão sobre os acontecimentos entre amplos setores que simpatizam com eles, estão cumprindo um papel abertamente contrarrevolucionário.

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A Corrente Internacional Socialismo ou Barbárie repudia esta traição vergonhosa das bancadas parlamentares que continuam o caminho de capitulação de Morales e Linera ao renunciar aos seus cargos. Seguiremos ao lado das massas exploradas e oprimidas que por baixo, sem dúvida, darão continuidade à resistência contra uma ditadura que com estes fatos procura consolidar-se.

O entorno regional das rebeliões latino-americanas servirá como contrapeso ao governo ilegítimo ao qual capitula o MAS. As imensas lutas populares que se estendem pelos países como Chile e Colômbia serviram de ponto de apoio às heroicas massas bolivianas para enfrentar um golpe e para defender os seus direitos e suas organizações.  

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Novos fatos surgirão sem dúvida na Bolívia. Nem tudo está resolvido por este vergonhoso acordo. As massas bolivianas terão a última palavra. Os trabalhadores, camponeses, mulheres, a juventude e originários da Bolívia têm pela frente a tarefas de construir seus próprio instrumente político independente.