Aproveitar a CPI da pandemia para derrotar Bolsonaro de uma vez

Nesta terça-feira (27/04), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada para investigar ações e omissões no combate à pandemia pelo poder público, realizou a sua primeira reunião. Desde a instalação da CPI, o governo vem reagindo bastante mal às investigações que, sim, tem como foco político apurar os crimes e omissões do governo federal que fazem com que o Brasil seja o segundo país com maior número de mortes registradas pela Covid-19, atrás apenas dos EUA. Esta CPI também discutirá a responsabilidade de Estados e municípios.

Por Rosi Santos

No dia de hoje, apesar de vermos velhas figuras da política nacional em plena atuação, como é o caso do Senador Renan Calheiros, vimos o esforço da direita tradicional brasileira que precisa se distanciar, não do governo, mas de Bolsonaro ou do bolsonarismo genocida, sinalizando que há crimes e as investigações buscaram, sim, a responsabilidade do governo.

Membros desta CPI, como Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) – do partido que não apenas flertou com bolsonarismo, como também esteve na linha de frente no golpe institucional de 2016, que abriu caminho para todo esse desastre -, disse que não há dúvidas da responsabilidade do governo federal. Na condução da CPI ficaram Omar Aziz (PSD-AM), eleito Presidente da comissão; Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-Presidente, e, em seguida, está Renan Calheiros (MDB-AL), como Relator da CPI.

Portanto, nesse momento em que o governo pode ser posto na defensiva e diante da tentativa da direita sangue azul lavar a cara, é preciso que a esquerda reaja e não fique apenas assistindo pela TV o desenvolvimento das investigações que podem não dar em nada. Para isso, é imprescindível agitar palavras de ordens no tocante à CPI que vão além do que propõe a institucionalidade burguesa e a direita golpista. No comparecimento massivo em todas atividades do movimento e manifestações espontâneas que vêm ocorrendo quase todos os dias, é preciso legar a exigência de investigação real e abertura de impeachment já de Bolsonaro.

É fundamental sair do imobilismo, as massas já estão nas ruas, só precisam ser organizadas contra o governo. E no estado de São Paulo, maior metrópole do país, é necessário enfrentar duramente o governador João Dória e a classe dominante paulista que ele representa, que, apesar do discurso pseudocientífico, querem impor uma normalidade que não existe, com a proposta de volta às aulas em condições pandêmicas, por exemplo, e usando a necessidade de sobrevivência dos trabalhadores e das trabalhadoras, que se expõem diariamente e sem nenhuma garantia à um vírus mortal todos os dias.

Por isso, essa CPI também deve ser usada para pressionar governos estaduais e municipais para a implementação de um plano sério e realmente eficiente de contenção ao vírus, que passa fundamentalmente por um lockdown e renda mínima, com o intuito de frear a enorme calamidade que se encontra São Paulo, estado que, com o lobby e medidas populistas de João Dória a empresários, pode piorar ainda mais.

Bolsonaro em algumas semanas, dentre outras coisas, terá que responder sobre a recusa injustificada da oferta de 70 milhões de doses da Pfizer no ano passado, da omissão de dados no Consórcio Covax Facility, liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), além de pontuar porque demonizou a vacina Coronavac, que hoje corresponde ao maior número de imunização em todo o país. Todas essas são questões indesejáveis para um governo que pensou, até o momento, que não seria obrigado a responder por seus desmandos e crimes.

No entanto, sem luta é enorme a possibilidade de Bolsonaro e todo seu clã assassino não responderem efetivamente, institucional e criminalmente, por todos os seus crimes. Somente com toda a esquerda mobilizada e chamando a enorme massa trabalhadora, desocupada, precarizada e arrochada, nesse momento é que se pode dar categoricamente um basta a esse governo.

#cpidapandemiapravaler