Diante da queda de popularidade de Lula 3 e sua fracassada tentativa utópica – e reacionária – de normalizar o regime democrático burguês em um cenário de fortalecimento conjuntural da extrema direita em todo o mundo, mas também de crises, guerras e rebelião popular, as estratégias das esquerdas, oportunista (politicista) e sectária (economicista), não dão conta da realização de diagnósticos e tarefas fundamentais para enfrentar o atual momento. Muito menos, de formular as consignas, táticas e estratégias necessárias para colocar os setores mais amplos das massas nas ruas pela prisão de Bolsonaro e todos golpistas, enfrentar os ataques dos governos – e o de Lula3 – e do Centrão e lutar pelas reivindicações da nova classe trabalhadora plataformizada, que luta por direitos, auto-organização, contra a escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho.Tudo isso ocorre no Brasil em uma conjuntura de ebulição da luta de classes mundial, de uma rebelião popular que toma as ruas de todo os EUA contra o governo Trump e sua política de expulsão em massas dos imigrantes, de ampliação da guerra sionista no Oriente Médio com os bombardeios ao Irã, o que abre a possibilidade da explosão da luta de classes mundial contra o imperialismo ianque, contra o genocídio sionista em Gaza e contra os ataques militares à soberania do Irã e de seu povo.

ANTONIO SOLER

Queda de popularidade de Lula e fracasso da conciliação 

Nessa semana, o noticiário foi dominado pelas pesquisas de queda de popularidade do governo Lula (PT), registradas pelo instituto Genial/Quaest e pelo Datafolha. Na pesquisa divulgada no dia 5 de julho do Quaest, Lula tem queda nas vantagens eleitorais vistas em em simulações anteriores no segundo turno das eleições além de empatar, dentro da margem de erro de 2%, tecnicamente com um verdadeiro pelotão ultrarreacionário de pré-candidatos.

A maioria dos candidatos dessa estirpe que empatam com Lula são governadores, como o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), mas também com Michelle Bolsonaro (PL), ex-primeira dama. Para fazer um breve apanhado, a título de comparação, com a pesquisa anterior, os dados do instituto dão conta de que Lula tem 41% das intenções eleitorais e Tarcísio 40%. Na pesquisa anterior, Lula e Tarcísio apresentavam 43% e 37%, na de meses atrás 52% e 26%, respectivamente.

Na disputa entre Lula e Bolsonaro, ambos aparecem empatados com 41%. Outro indicador importante é o da rejeição, que chega a ser proibitiva se não for derrubada pelos dois candidatos. No caso de Lula, 57% disseram que não votariam no petista e 40% optariam por ele; já em relação a Bolsonaro, 55% afirma não votar no ex-presidente e 39% entregaria o voto ao agora réu pela tentativa de golpe.

Apesar do alto nível de rejeição de Lula e da inelegibilidade de Bolsonaro, ambos pretendem manter suas pré-candidaturas. Lula, o PT e a sua coalizão, tinham como nome favorito para sua sucessão o de Fernando Hadadd (PT). Mas, um cenário de fracasso categórico do seu governo liberal-social e de sucessivas crises levou o nome do Ministro da Economia a um tremendo desgaste que o fez perder as condições de se apresenta hoje como pré-candidato.

Já, Bolsonaro se mantém pré-candidato, mesmo sem ter a legalidade para isso, porque é uma maneira de preservar o seu capital político em meio ao processo de julgamento pela tentativa de golpe e outros crimes, de se manter no jogo político e se fazer capaz de transferir votos para um dos membros do seu clã ou o escolhido pelos setores ultrarreacionários da classe dominante – como o agronegócio extrativista e o rentismo da Faria Lima -. nome esse que por ora tende a ser o de Tarcísio de Freitas.

Além da alta rejeição dos dois principais expoentes eleitorais de massas no Brasil, outro dado curioso merece atenção. Em que pese que Lula – tudo indica que contará com uma nova tentativa de reeleição objetivando o 4º mandato – se mantenha ligeiramente à frente dos principais candidatos, 66% dos entrevistados dizem que Lula não deveria se candidatar à reeleição, o levantamento de dezembro dava 52%. Da mesma forma, 65% aponta que Bolsonaro – que se mantém inelegível por decisão do TSE – também deveria abrir mão da candidatura para apoiar outro candidato.

Ou seja, a maioria do eleitorado mais à “direita” ou à “esquerda” do espectro eleitoral votam na polarização assimétrica, mas anunciam que teriam preferência para candidaturas que sejam menos marcadas pela polarização; isso não quer dizer que o Brasil tenha entrado em um processo de redução da polarização política. O que pode ter ocorrido é um cansaço com com o liberal-socialismo de Lula e com uma extrema direita mais estridente, como a de Bolsonaro. O que fica claro é que, apesar deste cansaso das grandes massas com a polarização assimétrica – porque se trata de uma centro-esquerda da ordem e de uma extrema direita fora da ordem – entre lulismo e bolsonarismo, nao existe uma alterntiva de “terceira via” de fato que possa suplantar a polatização politica nacional no horizonte próximo. Assim, os cerca de 30% dos eleitores mais ativos de cada lado, com a aproximação das eleições, tendem a voltar a polarizar a situação política em 2026.

A polarização entre Lula e Bolsonaro é assimétrica. Se enfrentam uma extrema direita que combina métodos dentro e fora da ordem, de um lado, e uma esquerda da ordem – que dirige um governo liberal-social – que atua totalmente nos limites da ordem burguesa, de outro; e não tem política nenhuma para mobilizar as massas por suas políticas, mesmo dentro da institucionalidade.

Esses dados de queda da popularidade de Lula também são corroborados pela pesquisa que sai pelo instituto Datafolha dessa semana. 40% dos brasileiros aptos a votar consideram que Lula faz um governo ruim ou péssimo e somente 28% o qualificam como ótimo ou bom. Desde o primeiro bimestre, houve uma queda de 12,7 pontos percentuais em sua aprovação. Em relação ao controle da inflação, Lula é considerado por 50% pior do que Bolsonaro, o petista só obtem 28% de apoio nesse item. Lula também perde em segurança pública e empata com Bolsonaro, inacreditavelmente, em saúde e ambiente, só leva a melhor na criação de empregos e fica ligeriamente à frente na educação.[4]

Ou seja, em que pese que estamos ainda a mais de um ano das eleições, e que tanto o lulismo quanto o bolsonarismo estão em crise – uma crise dupla política em que o Centrão aparece como polo mais dinâmico -, esse é um claro retrato da falência estratégica da conciliação lulista, na qual embarcou a maioria das correntes do PSOL, inclusive aquelas que romperam com o marxismo revolucionário mais recentemente, como é o caso da Resistência. Tema que voltaremos a desenvolver um pouco mais abaixo.

Por que falha a conciliação lulista?

Diante dessa tendência explícita de queda da popularidade de Lula e de seu governo, é preciso tentar encontrar quais são as razões centrais que levam à essa situação. Certamente, parte dos fatores é que entre a retórica de “grandes realizações” do governo liberal-social de tentativa de normalização de Lula 3 e a realidade concreta existe um enorme abismo.
Existe uma contradição entre os dados da macroeconomia e a popularidade do governo Lula 3, particularmente se levarmos em conta a queda de popularidade entre os setores mais empobrecidos, explorados e oprimidos. Os dados vão da alta do PIB no primeiro trimestre (1,4%) – em 2024 foi de 3% – à baixa taxa de desemprego (6,6%), menor taxa no primeiro trimestre desde 2012, segundo o IBGE, passando pelo investimento externo direto, que neste ano pode chegar a US$ 70 bilhões, segundo o Banco Central.

Mas, esses dados gerais escondem importantes números, a começar pela inflação alimentar que chegou a 7,68% nos últimos 12 meses, dado bem acima dos 5,48% da média inflacionárias. Números que tornam a política de aumento do salário mínimo de Lula pífia, passou de R$ 1.412,00 para R$ 1.518,00 nestes ano. Sem conseguir repor perdas inflacionárias passadas das massas ou mesmo produzir uma redução dos contingentes massivo de subproletários que existem no país, temos como consequência a precarização e a superexploração crescente do trabalho a partir da plataformização digital e das condições de moradia. [5]

Esse cenário de arrocho salarial, precarização do trabalho e das condições de vida em geral ainda é mais agravado pela política econômica do governo Lula, que ao não romper com os interesses da classe dominante, como governo burguês que é, mantém as contrarreformas passadas e realiza novas. Como é o caso do novo teto de gastos, que produz uma camisa de força nos gastos públicos sociais e dá margem para cortes. Enquanto o governo destina R$1 trilhão aos rentistas por ano em média, corta 30 bilhões em investimentos públicos e mantém isenções fiscais que chegam a aproximadamente R$860 bilhões aos grandes empresários e financistas. [6] Além disso, enquanto a inflação alimentar bate recordes e leva milhões de pessoas à fome ou à insegurança alimentar, o governo oferece um Plano Safra no biênio 2024/2025 de R$ 475,5 bilhões para agronegócio, sendo R$ 400,59 para o setor empresarial e apenas R$ 43,3 para a agricultura familizar, que é a principal responsável pelo fornecimento de alimentos para o mercado interno. [7]

Para manter o déficit fiscal zero e tentar auferir algum equilíbrio fiscal, Lula e seu o governo, como já apontamos acima, cortou R$30 bilhões em investimentos públicos. A outra medida foi a ampliação do aumento sobre o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para garantir o famigerado teto de gastos. Diante da grita geral do empresariado e dos seus representantes no Congresso – e também no governo – e da ameaça de votar um Decreto de Parlamentar para cassar as medidas do governo, foi realizada no domingo passado uma reunião entre os chefes do Congresso e a equipe econômica do governo para se chegar a um acordo.

A proposta seria de uma taxação de 10% entre quem ganha mais de R$50 mil por mês, assim quem ganha mais de R$5,5 milhões pagaria uma alíquota efetiva – descontadas isenções fiscais – de 5,67%. [8] Mas, o Congresso dominado pelos rentistas, resiste a qualquer forma de tributação progressiva e quer que a compensação para a tímida isenção tributária do governo para quem ganha até R$ 5 mil venha de outras fontes, aprofundando assim a regressividade fiscal e a desigualdade social brasileira.

Seguindo em nossa análise por um caminho mais político, mas não menos importante, outro desdobramento da dupla crise politica nacional, é o do processamento de Bolsonaro e dos chefes golpistas durante essa semana – incrivelmente políticos e empresários que apoiaram diretamente o golpe não estão sendo processados. Após relatório da Procuradoria Geral da República (PGR), pedindo a punição do chamado núcleo comandante do golpismo, centralmente Bolsonaro e seus ministros mais próximos, houve depoimento dos acusados a partir de segunda (10).

Apesar da farta gama de provas: planejamentos, ações, documentos, mensagens e testemunhos da trama golpista, que teve o seu último ato no dia 8 de janeiro de 2023, tudo foi negado pelos depoentes. O processo contou com ocupação de quartéis durante meses, protestos em Brasília no dia 12 de janeiro contra a diplomação da chapa vencedora (Lula-Alckmin), tentativa de atentado à bomba em dia 24 de Dezembro de 2022 no Aeroporto de Brasília, fechamento de rodovias, reuniões para elaborar Decretos golpistas que previam a intervenção do STE, prisão de ministros, a não entrega do poder e, até, um plano para assassinar de Lula, Alckmin e Moraes. Além da invasão golpista de Brasília no dia 8 para tentar impor uma LGO e a retirada de Lula do poder após empossado.

O depoimento de Bolsonaro e demais golpistas ocorreu em tom ameno e sem que novos fatos e contradições fossem apresentada. Tudo em um clima de que a condenação é certa e se trata de reduzir a dosimetria das penas, pois os reús contam com a perspectiva de penas brandas, prisões domiciliares e que tais. Nesse cenário, o grande problema é a postura da esquerda, principalmente da independente do governo e dos patrões (como o PSTU e MRT), pois perde a oportunidade histórica de realizar uma grande agitação para punir de forma cabal Bolsonaro e impor uma derrota significativa ao principal chefe do golpismo e da extrema direita no Brasil. O que seria um dos fatores fundamentais para abrir caminho para mudar a correlação de forças desfavorável que vivemos desde o ofensiva reacionária de 2015/1016.

Bolsonaro, depois do testemunho de terça-feira (11), disse em rede social cinicamente que “A história julgará cada um de nós…Hoje saio tranquilo e mais confiante de que serei o próximo presidente da República para tirar o nosso país da bagunça”. É improvável que isso se efetive em 2026, porém como os dados apontados acima demonstram, Bolsonaro segue com alta popularidade e com capacidade de ser uma ator fundamental nas próximas eleições, mesmo sem ser candidato. Além do mais, todas os candidatos de direta afirmam que assim que tomarem posse determinarão um indulto a Bolsonaro. Ou seja, sem luta nas ruas que combine as bandeiras econômicas com as politicas (sem superar essa doença economicista que acomete a esquerda socialista no Brasil) com centro na prisão de Bolsonaro, de todos os golpistas financiadores, fim da tutela militar com a queda do artigo 142 da Constituição, dos tribunais e da polícia militar, não se pode mudar a correlação de forças e avançar nas tarefas centrais dos explorados e oprimidos no Brasil.

A visão politicista da crise

Mas, essa situação econômica não impacta a popularidade de Lula apenas porque “uma parcela da população esperava mais de Lula em seu terceiro mandato e está frustrada. Por consequência, controlar a inflação dos itens básicos e trazer melhorias sociais mais robustas é muito importante para a recuperação da popularidade”, como dizem os compas da Resistência (PSOL) em seu último editorial. [9]

O que temos da parte do governo é uma política de conciliação de classes que aplica políticas abertamente neoliberais, como o teto de gastos, cortes de gastos, privatizações e não enfrenta os brutais ataques que vêm do Centrão e da extrema direita, como é o caso da recente “PL da Devastação”, medida que reduz drasticamente a capacidade de fiscalização dos órgão federais para a preservação do meio ambiente e que tramita no Congresso.

Ou seja, este é um governo de conciliação de classes que não pode e não quer romper com os interesses do grande capital sem romper com a sua natureza política. A vitória da guerra ideológica pela extrema direita seria porque “domina a disputa política e de ideias na sociedade. As notícias negativas ganham enorme repercussão popular, como a crise no INSS e a alta dos preços dos alimentos. Enquanto as notícias positivas, como o sucesso de programas sociais e o aumento da renda dos trabalhadores, são pouco conhecidas ou não são atribuídas ao governo.”

É verdade que existe maior domínio da extrema direita sobre os novas formas de comunicação, mas como todo marxista sabe, a disputa ideológica tem uma ligação direta com as condições materiais de vida, as ideologias (explicações mistificadas da vida, da sociedade e do mundo espiritual, que manipula através de mecanismos de separação de causa e efeito, parcializando a realidade, tornando natural o que é social e etc) só podem se sustentar porque encontram na realidade material pontos de apoio, não pela simples razão de que o governo está perdendo o debate de “narrativa” para a extrema direita e para o Centrão – argumento utilizado pelos companheiros que é componente central da ideologia desenvolvida pelos economistas da burguesia.

Quando os companheiros tentam dar uma explicação mais profunda para a crise de popularidade do governo, vão até a metade do caminho, mas perdem no final a bússola. Dizem que o problema não é simplesmente de falta de comunicação mas de “estratégia” do governo porque a fórmula de Lula repete o passado com “melhorias sociais e econômicas sem mobilização social e disputa ideológica”, que não existe mais condições para essa estratégia e o “sucesso relativo desse modelo conciliatório entre 2003 e 2012”, pois surgiu na realidade política nacional uma “extrema direita neofascista com peso de massas”, devido a mudanças institucionais que produziram uma alteração na correlação de forças em que o Congresso Nacional deixa “continuamente o governo com a faca no pescoço” e que o Centrão “obedece aos ditames do agronegócio, do mercado financeiro, dos donos de igrejas e dos lobbies dos grandes capitalistas”, correlação de forças que só pode “resultar em concessões sucessivas do governo Lula às forças reacionárias”, como exemplo “foram vergonhosamente complacentes com o PL da Devastação para não desagradar aliados da direita, como Davi Alcolumbre, presidente do Senado”, a concessão à Faria Lima que fez com que Haddad voltasse “atrás” no aumento do IOF e anunciando novas medidas de austeridade. Todo esse discurso feito mesmo depois de o governo determinar o bloqueio de R$ 30 bilhões do orçamento, para cumprir as rígidas regras do arcabouço fiscal. Esse relato dos companheiros é eivado de problemas, de falsificações…

A estratégia de conciliação de classes, mesmo na primeira década dos anos 2000, já se demonstrou totalmente fracassada. Quando a crise econômica bateu às portas da América Latina e do Brasil a partir de 2011/2012, a política do lulismo se colocar contras as manifestações populares em junho de 2013, traiu as promessas eleitorais e fez brutais ajustes neoliberais, foi assim co-responsável pela ascensão da extrema direita como força de massas no Brasil.

Depois, os companheiros falam que a correlação de forças desfavorável levou a mudanças institucionais, deixou o governo Lula em minoria no Congresso e com a faca no pescoço… Mas desconsideram, olimpicamente, o roteiro de todo governo de conciliação de classes: desde quando essa formação governamental começou a se formar no início do século XX – desde o governo de Kerensky (menchevique e de conciliação de classes que ascendeu ao poder em fevereiro de 1917 em meio a um processo revolucionário), que foi derrubado pela revolução operário-bolchevique de outubro – até os governos lulistas, em todos os principais momentos históricos, governos de conciliação de classes abriram passo para revoluções ou contra revoluções, rebeliões, reabsorções ofensivas reacionárias ou a golpes direitos de extrema direita, nunca foram consequentes com a defesa dos trabalhadores e oprimidos.

Obviamente que existem uma enorme diversidade de condições e desdobramentos, mas nunca um governo de conciliação de classes levou os interesses dos trabalhadores até o final, ao contrário, abriu invariavelmente espaço para a direita/extrema direita voltar ao poder e avançar sobre os explorados e oprimidos. As formações lulistas, que são caracterizadas por uma enorme covardia política, estão longe de fugir a essa regra. Mas, como um recurso vergonhoso de ideologização do processo, os companheiros da Resistência  e os satélites todos do lulismo de ontem e hoje tiram a política de Lula e do PT da necessária equação para se compreender os processos pelos quais fizeram com que a correlação de forças girasse para a extrema-direita no Brasil.

E, nesse sentido, o pior erro não é apenas de análise e caracterização, mas de estratégia, apesar de, evidentemente, os dois elementos estarem ligados. Ou seja, ao não apostarem na mobilização e na organização autônoma dos trabalhadores e oprimidos, os compas erram no campo dos princípios, e no principal deles que é a independência de classes, o que desencadeia uma série de erros de estratégias e táticas. Por isso, quando discutem que o governo burguês de conciliação de classe tem que mudar de estratégia para fazer um giro à esquerda e para ser vitorioso, são sugados pela lógica meramente institucional que é incapaz de arranhar a correlação de forças e abrir algum espaço na conjuntura política por fora da luta nas ruas.

Dizem que “há programas progressivos do governo”, como o projeto de isenção do IR para quem ganhar até R$5 mil e a taxação dos super-ricos, além da ampliação de outras políticas de compensação social, mas segundo eles ainda falta o governo “assumir, de verdade, a defesa do fim da escala 6×1”. Além disso, faltaria, na opinião deles, ao governo de conciliação de classes – natureza incontornável – um projeto de enfrentamento à extrema direita para “empolgar a base social ampla que elegeu Lula” e que não ceda à burguesia “aprofundamento do ajuste fiscal em cima das áreas sociais e do salário mínimo.”

Da mesma forma que constroem uma caracterização unilateral e oportunista sobre o papel que teve o lulismo para que chegássemos na atual situação política, ou seja, da qual foi um dos elementos centrais, não apostam em um movimento de massas independente do governo que seja oposição de esquerda a Lula e de enfrentamento ao bolsonarismo. É preciso unificar as lutas econômicas para impor tanto ao Congresso quanto ao governo nossas reivindicações e, ao mesmo tempo, lutar contra os ataques ultrarreacionários do bolsonarismo e do Centrão. Para isso, é necessário formar uma frente única de lutas e uma oposição de esquerda ao governo e de enfrentamento ao bolsonarismo – que está sendo julgado por cima sem a menor mobilização popular ativa. Com a ruptura com a independência política, os companheiros da Resistência em seu âmbito de vanguarda desarmam totalmente o movimento com exigências pueris ao governo burguês de conciliação de classes, cometendo, ao mesmo tempo, erros de princípio, estratégicos e táticos.

Quando falam no final do seu texto que a esquerda precisa fazer escolha estratégica para lutar não apenas pelos temas economicos, fazendo uma pseudocrítica ao economicismo de correntes como o PSTU e o MRT, o fazem de forma opotunista e politicista, pois não existe uma aposta estratégica correta contra o economicismo. Pois não identificam quais são os inimigos que os trabalhadores, as mulheres, os negros e es LGBTQIA+ têm que enfrentar para lutar por direitos econômicos, politicos e culturais. Ao centrar essa luta contra a extrema direita sem defender uma estratégia de luta independente nas ruas, do governo, dos patrões e de luta à morte contra o bolsonarismo, perdem totalmente a necessária totalidade na construção de uma linha política consequente e a bússola de classe capaz de mudar a correlação de forças, limitam-se, assim, a defender a política do governo burguês de conciliação de classes.

Mas, a estratégia politicista e reformista dos companheiros fica ainda mais clara quando perguntam qual país se quer construir, pois o fazem sempre no sentido de apresentar empregos de qualidade, industrialização, proteção ambiental, justiça tributária, controle do rentismo, fim do genocídio negro, indígena e transfóbico… tudo isso sem construir um processo revolucionário, organizar de forma autônoma a classe trabalhadora e os oprimidos, romper com os governos burgueses, tomar o poder e levantar um Estado operário e a transição ao socialismo.

No final, a grande conclusão é que a luta contra a burguesia e o fascismo (neofascismo) passa para os companheiros por definir que “alianças mais amplas para derrotar a extrema direita nas eleições serão necessárias.” E aqui quando se fala em aliança, é uma aliança eleitoral que vá mais fundo ainda na composição com setores do Centrão, que represente ainda mais o agronegócio, a burguesia rentista e a grande burguesia em geral. Os companheiros não aprenderam nada com a experiência histórica e querem apostar novamente em um Lula 4 ainda mais à direita. Afirmam, cinicamente, que desde que esse seja um “recurso auxiliar tático [não] se torna uma estratégia, amarrando a esquerda a um programa impotente, sem capacidade de engajamento e mobilização social e ideológica. Assim, a frente ampla se converte numa armadilha fatal.”

Como se apoiar politicamente – não chamar o voto de maneira independente para derrotar o bolsonarismo diante do risco de fechamento do regime político – mas apoiar politicamente ser parte orgânica de um governo burguês, como é o caso da Resistência (PSOL) não fosse, justamente, a armadilha histórica que confunde, desorganiza e desmobiliza. Ruptura de princípios que dirigentes ex-revolucionários caíram durante todo o século passado e continuam a cair agora e que tem inutilizado organizações inteiras para a luta direta – o que é causado por um complexo processo de perda de referência na luta de classes que tem bases no aparelhismo, no modo de vida de seus dirigentes aburguesados, no abandono da centralidade da construção na base e na mais absoluta falta de balanço histórico da luta de classes no século XX.

Politicismo oportunista e o economicismo sectário 

Além dessa perspectiva politicista – que apoia-se centralmente nas instituições do Estado burguês para fazer política -, que levanta um programa abaixo do reformismo e joga toda a esperança de luta pelos direitos imediatos e históricos no governo de conciliação de classes e nas instituições burguesas, temos a posição do PSTU – e do MRT – que está presa a um unilateralismo economicista e aparelhista que não encontra fim.

Para explicar a baixa popularidade de Lula, o PSTU afirma que o crescimento do PIB “não significou nenhuma conquista ou melhoria de vida para os trabalhadores”, que os investimentos externos “aprofundará a dependência econômica e espoliação do país”, que “os empregos são precários, com baixos salários” e que mesmo “entregando tudo que a burguesia quer….a burguesia exige mais ataques, cortes e lucros.” [10]

E as políticas que atendam aos interesses dos trabalhadores não são efetivadas, descaracterizadas ou empurradas, a “isenção no Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil não foi votada ainda”, o governo diz ser “a favor de debater o fim da escala 6×1, mas não faz nada para a efetivação redução da jornada de trabalho” e, em vez de taxar os grandes bancos, “tira dos pobres para dar aos mais pobres, enquanto deixa os bilionários intocados”. Mas a crítica que fazem aos setores da esquerda que apoiam o governo burguês de conciliação de classes não sai um milímetro do campo do economicismo ao dizer a obviedade de que se fizesse isso estaria “enfrentando o presidente da Câmara, Hugo Motta, e a direita no Congresso Nacional.” e que “é o próprio governo quem constrói e apresenta os ataques”.

Aqui começa o problema mais grave, onde na Resistência e em boa parte das correntes do PSOL aparecem o unilateralismo politicista, no PSTU – e no MRT – surge o unilateralismo economicista ao fazer um movimento ideológico com sinal trocado, pois na prática tiraram a extrema direita da equação política para explicar a conjuntura.

Os compas dizem que é preciso chamar as coisas pelo seu nome, que “se não explicamos aos trabalhadores que Lula vem implementando a agenda que agrada os bilionários capitalistas, será muito mais fácil pra ultradireita ganhar a consciência da classe.” Isso é uma verdade, mas extremamente unilateral, meia verdade, portanto. Se não colocamos que, simultaneamente à luta contra Lula 3, é necessário lutar contra o bolsonarismo. Pois, o bolsonarismo é uma força política que ao responder diretamente aos interesses de importantes setores da burguesia e das forças armadas é um componente incontornável na análise da conjuntura, bem como não pode ser deixado sem consideração no momento de elaborar as tarefas centrais. Ou seja, é preciso realizar uma combinação de luta nas ruas contra os ataques neoliberais dos governos de conciliação de classes, do Centrão e do bolsonarismo simltaneamente.

A consequência estratégico-tática da caracterização unilateral sectária dos compas é que afirmam exclusivamente um programa de denúncia e enfrentamento às políticas de Lula 3, sem levantar sequer uma só bandeira política que interesse os trabalhadores e oprimidos, tais como: a prisão de Bolsonaro e todos os golpistas, a expropriação dos bens dos financiadores, o fim do artigo 142 e dos tribunais e das polícias militares pela luta direta e auto-organizada das massas.

Apesar do momento histórico que vivemos, com a oportunidade de prender Bolsonaro e chefes militares para impor uma derrota categórica à extrema direita, o que seria inédito em nossa história e a depender do circo armado no STF não vai passar de uma punição para inglês ver, os compas do PSTU – bem como o do MRT, que prefere deixar a punição aos golpistas na mão da justiça burguesa do que lutar nas ruas pelos direitos democráticos dos trabalhadores e das massas – insistem em uma estratégia que relega os trabalhadores e a juventude a tarefas exclusivamente sindicais, não políticas. Deveras importantes, mas que não fazem-nos entrar na arena política capaz de conquistar as mesmas tarefas sindicais, que têm mobilizado mais contingentes de vanguarda, e possa conter o avanço ultrarreacionários que avança com a PEC da Devastação, o corte de gastos dos investimentos públicos do governo Lula, que atinge 30 bilhões e outras. Ou seja, a linha unilateral economicista dos compas acaba por inibir a unidade, desmobilizar e relegar as massas à apatia politica.

Em meio a esse cenário de perda de bússola estratégica da esquerda – tanto da oportunista (Resistência e outras correntes do PSOL e do PT) quanto da sectária (PSOL e MRT) -, temos que refletir sobre qual é a estratégia correta para atuar no presente cenário político e como constuir organizações políticas que estejam à altura desse desafio.

A crítica ao “partido imaginário” que leva a uma seita oportunista

Na última parte deste texto, escolhemos para ensaiar uma última esgrima franca e honesta sobre a estratégia diante da crise política dupla que vivemos no Brasil e em qual estratégia construtiva aposta o artigo “O partido revolucionário imaginário” de Valerio Arcary, porque parece uma das tentativas de justificação mais cinicamente engenhosas do politicismo brasileiro e que exemplifica a movimentação política incontrolável dessa corrente. [11]

Valerio parte da constatação de que a “esquerda socialista brasileira nunca esteve tão fragmentada como hoje” em diferentes estágios construtivos, dentro e fora do PT e do PSOL e nos partidos “comunistas” brasileiros. Aqui, logicamente, não nos interessa detalhar essa lista do que o autor considera como esquerda socialista porque se pode ler diretamente no texto do mesmo.
O que interessa discutir é a pergunta lançada do porquê existe tamanha dispersão na esquerda brasileira e, mais particularmente, o seu impacto na atual conjuntura nacional para que possamos terminar essa nota sem perder o seu objetivo central: discutir as dificuldades que causam tanto o oportunismo quanto o sectarismo para colocar setores mais amplos da vanguarda e das massas dentro da vida política nacional.

Para Valerio, o centro da explicação do problema da fragmentação da esquerda no Brasil, dentro do que consideramos uma manipulação ideológica, seria centralmente a compreensão de que existe nas correntes ainda um embrião do partido revolucionário brasileiro, mas que “este ‘partido revolucionário’ imaginário é somente uma ilusão”.

É óbvio que a teoria da replicação histórica do embrião do “partido revolucionário”, como foram os bolcheviques em sua época heróica como uma espécie de filosofia organizativa da história por fora da luta de classes, não passa de uma grande ilusão. Pois é a capacidade de leitura do balanço histórico, a ligação com a luta de classes, com a classe operária e os setores mais combativos, bem como a capacidade de se ligar com outros núcleos revolucionários de forma político-estratégica e não oportunista para cumprir um papel verdadeiramente histórico, o que torna uma corrente verdadeiramente hegemônica no processo revolucionário – esta conquista, de forma alguma, pode ser uma teleologia por fora da luta de classes e toda a profunda experiência que se possa fazer dentro dela.

No entanto, não é mais na seara da estratégia revolucionária e de suas táticas que trabalham atualmente Valerio e sua corrente. Como parte da sua campanha para tentar justificar/anuviar a sua migração para o neo reformismo, traça uma a taxonomia pseudo concreta das correntes políticas da esquerda que serve mais para confundir o leitor do que esclarecer o seu próprio processo de capitulação ao lulismo, bem como, sobre as dificuldades reais para traçar um processo de unificação das forças da esquerda revolucionárias e suas tarefas no Brasil diante dos perigos e possibilidades que temos diante de nós.

O autor escolasticamente, nos esclarece que não existe na esquerda apenas dois campos, os dos moderados e dos radicais, dos reformistas e dos revolucionários, mas também dos centristas, da ultra esquerda, dos sectários e das seitas. Estas seriam as piores formações porque são organizações que têm “impermeabilidade à pressão social e política, e um regime interno burocraticamente deformado e, com o tempo, uma direção que cultiva a própria clarividência messiânica, politicamente, estéril.”

A explicação para toda a fragmentação passaria pelas derrotas das revoluções, pelo isolamento de estados não-capitalistas, por mudanças objetivas na classe trabalhadora e pela cooptação de direções pela patronal. Em sua análise taxonômica para explicar a divisão da esquerda, Valerio chega na formação que podemos considerar a mais abjeta que são as seitas, oportunistas ou sectárias.

Mas, em sua análise há uma separação mecânica entre os elementos objetivos e subjetivos. Não considera, por exemplo, que o isolamento da Revolução Russa e seu processo de burocratização se deu pela ação consciente de uma burocracia que defendia seus privilégios e, para isso, teve que derrotar a classe operária russa no campo interno. Ignora, também, como a posição politica da maioria da direção da socialdemocracia alemã foi decisiva ao capitular ao Estado burguês e ser co-participe da repressão ao movimento operário, o que acabou no assassinato de Rosa Luxemburgo no início de 2019 e a derrota da Revolução Alemã em 1923, ou mesmo o papel traidor que o stalinismo teve nas revoluções chinesas da década de 20 ou espanhola na de 30.

Pensamos que conscientemente – para camuflar a sua orientação política – há uma completa desconexão dos elementos objetivos e subjetivos da realidade para justificar o seu rearmamento estratégico ao neoreformismo, na qual, a estratégia revolucionária ou a perda dela não tenha, para ele, nenhum peso sobre a realidade.

A falta de uma análise concreta, dialeticamente integrada, para explicar as vitórias e derrotas do passado, na qual a relação entre os elementos objetivos e subjetivos foram decisivos para o rumo dos acontecimentos quando as condições permitiam a ofensiva das massas, é um tema que não temos condições de desenvolver em detalhes neste texto. Mas se formos transpor a lógica de Valério para os desafios atuais, podemos dizer que a sua crítica indireta – Valério tem o defeito de não polemizar aberta, direta e honestamente com os seus adversários políticos – às organizações que considera seitas, perderam a capacidade de aprender, por seu sectarismo, adaptação ao aparato sindical e o mais absoluta dogmatismo teórico político. Teremos, na verdade, o desenho claro de organizações como a de Valério pelo seu oportunismo, adaptação ao aparato sindical e, agora, parlamentar.
Além da ausência de uma balanço sério da revolução e da contra revolução no século XX, os companheiros – que como o PSTU não romperam marcos totalmente equivocados das da “teoria” das revoluções socialistas objetivas – também se transformaram em uma seita. Só que de forma diferente do PSTU, a Resistência converteu-se em uma seita oportunista que, mesmo diante do fracasso seguido e retumbante da conciliação de classes em toda a história do século XX que, agora, renova-se no início do século XXI, não é capaz de desenvolver uma política independente do governo burguês de Lula.

Isso se manifesta abertamente na defesa política, na participação orgânica e no apoio a um governo burguês de conciliação de classes, que mais uma vez vem insistentemente fracassando diante das instituições burguesas e do ultra reacionarismo (considerando o bolsonarismo e Centrão dentro dessa classificação). Em vez de lutar para colocar de pé uma estratégia socialista revolucionária, que possa unificar as forças revolucionárias dispersas pelo país no sentido de enfrentar os problemas, a luta pelo fim da escala 6×1, pelas reivindicações dos entregadores de aplicativos e outras categorias , através da construção unidades de ação, frentes para lutar e de uma oposição de esquerda a Lula e de enfrentamento ao bolsonarismo, a escolha campista com um setor da burguesia de Valério e seus compas é compor política e organicamente com um governo de conciliação de classes que tenta utopicamente normalizar o regime democrático burguês, enquanto ataca direitos dos trabalhadores e oprimidos.

Ou seja, temos aí não o desenho de uma seita oportunista real, que é ainda pior do que a outra seita – a economicista -, porque fracassou historicamente na construção de um partido revolucionário real quando abandonou a independência de classes, as estratégias e táticas necessárias para contribuir com a reversão da correlação de forças através da luta independente dos patrões, dos governos e da burguesia nas ruas – seja pelas reivindicações econômicas seja pela possibilidade de colocar Bolsonaro e os chefes militares golpistas na cadeia, através de táticas de unidade e de frentes políticas independentes de todas as formações burocráticas e da ordem que capturam politicamente setores de massas e de vanguarda.

Isso, sim, poderia contribuir para unificar as forças revolucionárias tão dispersas no Brasil, a construir um partido histórico transformador, radical e não-imaginário. Que seja um elemento real para apoiar suas lutas imediatas que pulsão e a derrotar o bolsonarismo em unidade de ação e construir uma frente de esquerda de oposição e de enfrentamento direto à extrema direita – o que tem dimensão estratégica -, ao invés dessa total capitulação política sem luta que nos apresenta o neo-reformismo.

Notas:

1. Veja dados da pesquisa em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2025/06/quaest-lula-tem-avaliacao-negativa-de-43-e-positiva-de-26-no-pior-patamar-do-mandato.shtml  

2. Com demais a situação está bastante emparelhada também, mas o atual mandatário mantém ligeira liderança. Entre Lula e Ratinho Junior os números são 40% e 38%, com Michele Bolsonaro fica em 43% e 39%, com Eduardo Leite 40% e 36%, com Eduardo Bolsonaro 44% e 34%, Com Romeu Zema 42% e 33% do e com Ronaldo Caiado 43% a 33%, respectivamente.

3.  Outro com rejeição elevada – e nome preferencial de Bolsonaro – é o do seu filho Eduardo Bolsonaro que marca uma rejeição alta de 56%

4. Veja em https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/06/lula-perdeu-aprovacao-e-margem-de-manobra.shtml 

5. A taxa de informalidade no Brasil atingiu 38,9% no trimestre encerrado em março de 2024, segundo# e em 2021, 40,1% da população ocupada estava em situação informal, ou seja, 38,7 milhões de trabalhadores. Sobre as condições de moradia, em 12 anos o número de favelas no Brasil e passou de 6,3 mil para 12,3 mil, as aglomerações e o número de favelados de 11,4 milhões a 16,4 milhões, segundo dados do IBGE, veja em https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/06/brasil-produz-adultos-pobres-de-pais-pobres.shtml

6. Veja em https://veja.abril.com.br/economia/voces-sabem-quanto-a-gente-gasta-com-os-ricos-a-fala-de-lula-sobre-gastos-publicos/#:~:text=Quantos%20bilh%C3%B5es%20de%20reais%20a,860%20bilh%C3%B5es%20de%20reais.

7. Veja em https://www.gov.br/mda/pt-br/noticias/2025/02/plano-safra-da-agricultura-familiar-2024-2025-movimenta-r-43-3-bilhoes-nos-primeiros-sete-meses#:~:text=A%20agricultura%20familiar%20j%C3%A1%20acessou,e%20Agricultura%20Familiar%20(MDA).

8. Veja em https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/06/isentar-ir-ate-r-5000-sem-taxar-alta-renda-piora-desigualdade-diz-estudo-da-fazenda.shtml

9.  Veja em https://esquerdaonline.com.br/2025/06/05/e-preciso-travar-a-guerra-cultural-contra-a-extrema-direita/

10.  Leia em https://www.opiniaosocialista.com.br/entre-o-real-e-a-fantasia/

11.  Veja em https://esquerdaonline.com.br/2025/05/28/o-partido-revolucionario-imaginario/