Caos político-econômico 

Rosi Santos

Depois de quase 18 anos após a maior moratória de sua história, nesta quarta-feira (28) a Argentina voltou a anunciar um plano de restruturação de sua dívida.

O anúncio das medidas do governo de Maurício Macri para aliviar os compromissos financeiros do país, como a extensão dos prazos de algumas dívidas, incluindo o FMI (Fundo Monetário Internacional), trouxe ainda mais turbulência, a conjuntura que já vinha tão agitada. Não se trata ainda, de uma monetária clássica, porque todavia o governo, não deu sinais claros de não ter condições de cumprir seus compromissos financeiros internacionais, mas sim, tenta para aliviar a crise econômica do país, chegar a um acordo de prazos e de refinanciamento com bancos, credores e principalmente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que concentra a principal dívida adquirida pelo país.

Esse é o terceiro pico de crise, após as primárias das eleições no país. É bem verdade, que a crise economia argentina já vinha se acumulando, principalmente frente a contínua desvalorização da moeda frente ao dólar. Mas é agravada pela incerteza sobre o resultado das próximas eleições. Uma vez, que se as eleições fossem hoje, o presidente Maurício Macri que aprovou o empréstimo com o FMI, por fora do congresso, portanto: por sua conta e risco, já estaria muito longe da cadeira presidencial.

Peso argentino chegou a cair 30% em uma semana frente ao dólar

No entanto, o agravamento da crise em um período tão curto de tempo, também possui relação com as chantagens que aplicaram os mercados internacionais a economia, desde que ficou ameaçado nas primárias, um próximo mandato de Maurício Macri aliado e grande entusiasta do FMI.

Com o país imerso a uma crise quase do mesmo calibre da de 2001, a total desmoralização de Macri nas urnas pelo povo argentino, é eminente. Por isso, o FMI, solicitou uma reunião com Alberto Fernández candidato vencedor nas primárias.

De acordo com Alejandro Werner, diretor do departamento do fundo no Hemisfério Ocidental, o setor majoritário do FMI já se deu conta de que Macri é um zumbi e que a Argentina sofre de um vazio político tremendo. Querem buscar um acordo mais favorável com Fernández o mais cotado futuro presidente.

Trocando em miúdos, o FMI tentará fazer na Argentina o que fez na Grecia: obrigar nem que seja a custas do empobrecimento e fome de milhões de argentinos, que se pague o empréstimo sim ou sim. Por isso, nesse momento necessita o quanto antes, migrar suas apostas a figura política mais estável do país, o candidato e possível novo possível presidente, Alberto Fernández. Para que esse siga com a tarefa de ajustar e impor um regime de maior exploração as massas trabalhadoras, e de lucros aos mercados internacionais.

A conjuntura mundial, tem exigido dos lutadores da esquerda socialista, muito mais veemência contra os governos burgueses normais, mas também tem colocado a tarefa estratégica de se posicionar de forma independente, em relação aos governos burgueses sui generis, como foram os governos kirchneristas, e em certo grau o lulapetismo no Brasil. E com um possível governo  de Alberto Fernández e sua vice Cristina Fernandes de Kirchner não deve será diferente.

A eleição primárias na Argentina demonstrou, que Macri não teria uma segunda chance da população. Mas que também, a chapa ganhadora (Fernandez/Fernandez) não é alternativa para os trabalhadores, porque foram os primeiros a defender a renegociação do crédito com FMI, e não a suspensão da dívida ilegítima assumida por Maurício Macri para salvar seus amigos empresários, e que joga hoje o povo argentino, para ser generosa, em condições dificílimas de vida.

Não há saída para os trabalhadores argentinos sem romper com o FMI e tomando medidas anticapitalistas. Por isso, defenderemos no primeiro turno das eleições no país, o voto na alternativa classista (FITU) e no segundo turno, diante de duas opções burguesas (Macri ou Fernández), votaremos nulo, para de maneira consequente apostar na resistência dos trabalhadores, das mulheres e da juventude, não depositando a confiança de milhões em alternativas que no final das contas, viram as costas para a maioria assalariada, mas nas ruas, para enfrentar os ataques que seguramente virão de qualquer uma das opções eleita.