Comparada a outros países da região a política argentina tem como característica sua constante dinâmica, mas durante os meses eleitorais sempre há um salto de qualidade, nessa característica. No último domingo o governo de Maurício Macri, sofreu um grande golpe durante as primárias eleitorais, perdendo para seu principal adversário Alberto Fernández ligado ao setor de Cristina Kirchner e do Peronismo, por 15% de diferença.

Logo após o resultado eleitoral, os mercados financeiros aliados de Macri reagiram violentamente, elevando o dólar a 60 pesos. Manuela Castañeira, além de descrever-nos os impactos do resultado das primárias, vem apontando em suas últimas declarações que o presidente pode levar o país a uma verdadeira catástrofe antes das eleições em outubro. Com a inflação disparada e os salários extremamente desvalorizados o país corre o risco de um aprofundamento brutal da crise social inclusive com escassez alimentícia, cenário parecido com a crise de 2001.

Manuela Castañeira em entrevista ao vivo ao canal A24

De acordo com a dirigente, frente a isso é necessário uma reação contundente das massas trabalhadoras. Apresentar uma alternativa política dos trabalhadores frente a possibilidade de retorno do setor Cristina Kirchner ao poder, que apresenta um programa econômico similar ao de Macri, e que enfrente a catástrofe que esta sendo o governo macrista, e coloca no centro do debate nacional a necessidade imediata de uma greve geral no país.

Traduzimos algumas de suas declarações aos meios de comunicação essa semana:

As eleições no domingo: “A coisa mais forte sobre a eleição é o voto que castiga Macri. As pesquisas lhe deram um golpe, foi um voto retumbante punindo sua política econômica ”.


Falou brevemente sobre as contribuições do Nuevo MAS e da esquerda para a campanha eleitoral: “Fomos capazes de colaborar na campanha construindo uma agenda. Parece-nos importante que a esquerda ofereça uma visão da sociedade do ponto de vista dos trabalhadoresem #MasQueNoticias at @ A24COM pic.twitter.com/OY1WtPpWhF

“Em todos os lugares discutimos o que acontecerá com o salário. A desvalorização está pulverizando o salário. Não compartilho com Alberto Fernández que em sua campanha defende a desvalorização dizendo que o dólar estava atrasado” em #MasQueNoticias in @ A24CO

À pergunta sobre sua opinião acerca do discurso de Macri após o resultado, ela respondeu que “suas declarações na segunda-feira foram profundamente antidemocráticas. Ele ignorou o resultado de domingo e tentou culpar os eleitores pelo fracasso de sua administração e pelo seu ajuste.” #MasQueNoticias in @ A24COM


Depois sustentou que a coisa mais urgente é defender o salário dos trabalhadores:

Agora, o que se discute é o que acontecerá com o salário, foi assim no meu local de trabalho. A situação de desvalorização é agora um golpe muito forte para os trabalhadores.

Estão falando dos empresários, dos preços. Eu estou preocupada é com um preço: o do salário. Os salário de todos valem menos que antes.”

candidato de Cristina kirchner valida a pulverização dos salários.

Critica o candidato do Peronismo, vencedor das eleições de domingo, por sua defesa de uma política de desvalorização:

Eu não compartilho o que Fernández está fazendo. Muitos trabalhadores foram levados por um discurso que o valor do dólar está rebaixado como se isso não tivesse sérias consequências. Se o dólar começa a disparar, a primeira coisa que acontece é que os preços sobem e os salários afundam. A desvalorização está pulverizando o salário.

É necessário tomar medidas de controle cambial. Enquanto estamos conversando, milhões de dólares estão sendo deixados, deixando profundas consequências no país ”.

Eu escutei Acuña e fiquei impressionada por ele não tomar apara si o que é de sua responsabilidade. É hora de  de que, de uma vez por todas, tomem alguma medida que ponha no centro os trabalhadores e sua agenda. Alguém tem que enfrentar esta situação, e se não são as centrais que supostamente nos representam, quem vai ser? A CGT deve convocar urgentemente uma greve geral .

Confrontando as palavras do papel que cumprem as centrais sindicais como a CGT, que criticam o governo mas não defendem a necessidade de ação, Manuela disse:

Macri é o ajuste sem fim e Fernández encoraja a desvalorização. É necessário um uma greve geral  já por um programa alternativo para que os empresários paguem pela crise. Colocar impostos sobre a riqueza, o não pagamento da dívida e um rígido controle cambial para evitar a fuga de capitais.


Concluiu sustentando a necessidade de tomar medidas anticapitalistas frente a crise:

Medidas que coloquem no centro a agenda dos trabalhadores tem ser tomadas. Eu defendo o que eu disse sobre controle de câmbio, preços e suprimentos. Hoje, as grandes empresas estão parcialmente, fazem especulação com o dólar e os preços. É necessário romper relações com o FMI e aumento salarial geral de 30% neste momento. O Fundo Monetário Internacional, Macri e sua política econômica de livre câmbio é o que nos levou onde estamos.