Congresso da UNE aponta os desafios da juventude para o próximo período contra os ataques do governo
Redação Juventude Já Basta
Entre os dias 10 e 14 de julho aconteceu o 57º Congresso da UNE (CONUNE) em Brasília, que reuniu mais de 10 mil estudantes do Brasil todo. O evento, que acontece a cada dois anos, tem como função eleger as resoluções de conjuntura e movimento estudantil, elaboradas pelas organizações políticas e a chapa que dirigirá a organização até o próximo congresso, para além das mesas de debates.
Este ano o evento era muito esperado devido, principalmente à conjuntura ultrarreacionária e pela encruzilhada histórica em que nos encontramos, situação essa que demanda um amplo debate político e programático como a necessidade da organização orgânica por parte da juventude. E, apesar de todas as contradições que serão tratadas aqui, a UNE é a instância máxima representativa dos estudantes a nível nacional, conquistado a mais de 40 anos com muita luta. Sendo assim, um importantíssimo instrumento político que deve ser construído e disputado pela juventude na elaboração de uma alternativa socialista e que, de fato, defenda o direito por uma educação pública, gratuita, de qualidade e que se coloque como uma das principais ferramentas na luta contra Bolsonaro e seu governo de intenções bonapartistas.
Com os recentes ataques à educação que o governo tenta impor, de maneira completamente autoritária, que compõe a agenda política ultrarreacionária de Bolsonaro, a juventude se encontra diante de desafios e tarefas de natureza histórica, tendo uma necessidade imediata de construção da luta em defesa não só da educação, mas também da luta contra a reforma da previdência e todos os ataques contra a classe trabalhadora, contra as mulheres, os negros e a comunidade LGBTQi. Ressaltamos aqui, uma franja social indispensável hoje, principalmente pela inércia que se encontra a classe trabalhadora após anos de desarticulação e contenção de sua organização pelas políticas do lulopetismo.
O 15M e o 30M, que mobilizou centenas de milhares de jovens por todo o Brasil, já mostrou como a juventude é combativa e carrega uma grande reserva de luta para barrar os ataques e enfraquecer o governo no próximo período, podendo construir uma derrota categórica ao mesmo. Diante desse clima o congresso foi importante para o debate e assimilação do momento político entre a juventude, como também para o ato realizado na esplanada dos ministérios no dia 12 de junho.
O congresso contou com diversos debates e mesas nos primeiros dias, seguido da primeira plenária de resoluções e por fim a plenária final e votação da nova direção. Ao todo houve 5715 votos, com a majoritária se garantindo mais uma vez com 70% de votos, contra 21% de votos para “oposição unificada”, 5% para “socialistas” e 3,5% para “UNE para tempos de guerra”. Além dessas, duas outras chapas se retiraram das eleições pouco antes da votação juntando forças com as chapas de oposição, mesmo tendo divergências programáticas, mas com a intenção de enfraquecer a burocracia da majoritária, baixo uma compreensão da necessidade de unidade com o campo da oposição.
A chapa vencedora, a mesma que está na direção da UNE há décadas, composta pela juventude do PT e pela juventude do PCdoB (UJS), não apresenta historicamente um programa alinhado com as necessidades da juventude trabalhadora e muito menos direciona uma construção de luta organizada e construída pela base em escala nacional, deixando um hiato entre a direção e as demandas juvenis.
Mais uma vez, o programa vencedor não aponta uma saída aos ataques de Bolsonaro através da luta organizada dos de baixo e explorados, apresentando sua principal bandeira “Lula Livre”, onde a aposta mais uma vez se debruça na institucionalidade da política, política essa responsável em grande parte pela atual conjuntura nacional. Dessa forma, não se contempla as demandas da juventude trabalhadora, negando-se uma leitura honesta, socialista e estratégica sobre o momento atual e a ascensão da extrema-direita em nosso país. Em uma conjuntura ultrarreacionária, com uma crise do presidencialismo de coalizão, com intenções bonapartistas por parte de Bolsonaro (governar de maneira autoritária sobre decretos) e de forte polarização na luta de classes, é indispensável que a UNE contribua na construção de um calendário de luta exigindo das centrais sindicais uma mobilização pela base que coloque as massas nas ruas!
O novo programa que o governo quer impor, ainda obscuro mas com o intuito de privatizar o ensino público, chamado FUTURE-SE, coloca ainda mais a urgência do movimento estudantil se fazer presente nas ruas, começando pela convocação para o dia 6 de agosto, dia decisivo na luta contra a reforma da previdência e o dia 13 de agosto na luta pela educação. Sendo assim, o movimento estudantil, orientado por uma política socialista e alterna à burocracia, deve exigir uma UNE cada vez mais combativa, e construir o movimento pelas bases nas universidades chamando para ocupar as ruas nos próximos períodos.