Principais aspectos da desastrosa viagem aos EUA
LUCIANO MATHIAS
Na última terça-feira (19) se encerrou a viagem com duração de três dias de Bolsonaro aos EUA, podendo ser resumida como submissa e nada vantajosa ao povo brasileiro.
Um dos pontos mais esperados era o posicionamento do governo brasileiro relacionado às medidas econômicas que, levando em conta o nulo conhecimento do presidente sobre o assunto, foram trazidos unicamente pelo ministro da economia Paulo Guedes.
Guedes em seu discurso declarou que ele e Bolsonaro “amam os americanos” além de frases como “adoro Coca-Cola, Disney, jeans”. Com esse forte tom de submissão e de idolatria aos EUA, o ministro prometeu abrir a economia e a reduzir o tamanho do Estado. Disse que o processo já começou e que tende a aumentar nos próximos meses, “se vocês forem lá podem comprar várias coisas, podem comprar imóveis. Nós estamos vendendo. Sexta-feira passada nós vendemos 12 aeroportos. Daqui três a quatro meses nós vamos vender petróleo, o pré-sal”,
De forma bem direta o ministro declarou que o Brasil está à venda. Para tranquilizar os investidores ainda, lembrou da reforma da previdência como forma de crescimento econômico, garantindo que as dívidas e o déficit econômico serão pagos com os ataques à classe trabalhadora.
Já Bolsonaro partiu para um discurso muito mais político do que econômico: citando a crise na Venezuela, as semelhanças dos dois governos e seus posicionamentos contra a esquerda. Disse que juntos devem “resolver a questão da Venezuela”, lembrando a “capacidade econômica e Bélica dos Estados Unidos”.
Sempre reforçando a sua semelhança com Trump, e do povo Brasileiro com o povo norte-americano, enfatizou que o Brasil durante o governo petista estava a caminho do comunismo e que após o “milagre” de sua eleição pode, agora, juntar forças com os EUA para resolver problemas. Dentre os problemas citados, enfatizou a importância do combate à esquerda. O presidente também reforçou medidas que podem ser chamadas de submissas a nação norte-americana.
Já na segunda-feira (18), Brasil e EUA assinaram um acordo que garante ao EUA acesso restrito para uso da base militar de Alcântara (MA), considerado um dos melhores pontos para lançamento de satélites do mundo. Tal acordo ainda é obscuro, pois não possui nenhuma troca envolvida e, sim, o Brasil cedendo seus recursos.
Outro acordo incompreendido é a retirada da necessidade de visto para a entrada dos norte-americanos no Brasil. Outro acordo que não possui nenhuma reciprocidade, ou seja, para os brasileiros nada muda, continua as mesmas exigências para o fluxo de pessoas. Na verdade, Bolsonaro até atacou os brasileiros imigrantes nos EUA, afirmando que “a maioria dos imigrantes não tem boas intenções” e que os EUA devem construir a muralha que os separam do México.
Tais acordos assinados em nada beneficiam o Brasil ou a classe trabalhadora brasileira. Todos vão no sentido de ceder recursos, aumentar as importações e lugares estratégicos aos EUA, ou seja, acordos com fortes motivações entreguistas e reacionárias que contradizem os interesses nacionais e, principalmente, da classe trabalhadora.