É preciso organizar uma grande frente de luta para resistir aos ataques dos governos e dos patrões já neste início de ano
POR SEVERINO RAMOS FELIX
Iniciamos o ano de 2019 sob intensos ataques do governo federal no tocante aos direitos da classe trabalhadora com um viés de ajuste fiscal muito mais duro do que o governo anterior.
Sob pretexto de diminuir o déficit da previdência, o ministro da economia esboça um duríssimo projeto de “reforma”. Pontos da proposta poderão dificultar ainda mais o acesso da população mais carente a uma aposentadoria digna para sua sobrevivência.
Nesse projeto é criado um teto de idade mínima que iguala homens e mulheres com 65 anos de idade no mínimo para se aposentar e pagamento de benefícios abaixo do salário mínimo (meio salário mínimo) para pessoas em situação de miserabilidade – na atual conjuntura não são poucas as pessoas que serão penalizadas.
Além disso, Paulo Guedes quer aumentar a precarização dos trabalhadores mais jovens, ou seja, aqueles que não conseguem entrar no mercado de trabalho e quando conseguem têm ainda menos direitos trabalhistas. Ou seja, com a proposta da criação da “carteira verde e amarela” trabalharão praticamente com regime de servidão para o pratão.
Ao mesmo tempo, o governo federal busca alinhamento com os governos municipais e estaduais para diminuir a resistência da parte dos trabalhadores à essa contrarreforma.
Esse é o caso dos servidores municipais de São Paulo em greve desde o ultimo dia 04/02 contra o projeto de reforma da previdência do prefeito Bruno Covas (PSDB) que eleva a contribuição dos servidores de 11% para 14%, com a possibilidade de subir para 19% nos próximos três anos.
Solidariedade aos servidores municipais de São Paulo
Em assembleia realizada no dia 07/02 os trabalhadores da educação do município de São Paulo decidiram pela continuidade da greve iniciada no último dia 4 de janeiro, greve que tem a participação dos profissionais da saúde e de outros setores do serviço municipal.
Nesta assembleia foi decidido, também, unificar a greve com os demais setores da rede municipal e a realização de uma grande assembleia no dia 13/02 às 14 horas no Viaduto do Chá, onde se localiza a prefeitura.
Esta luta não é só dos servidores municipais de São Paulo, pois uma derrota (recuo do governo municipal) desse projeto, que já foi aprovado em dezembro de 2018, poderá mudar a configuração da resistência dos demais setores da sociedade aos ataques que ocorrem em todos os níveis.
É preciso que as principais centrais sindicais CUT, CONLUTAS e Intersindical saiam do estado de inércia que se encontram atualmente e elaborem um programa de unificação dos vários setores da classe trabalhadora para enfrentar os projetos de contrarreformas dos governos e dos patrões.
Diante do atual cenário de ataque, é preciso construir uma grande greve geral em unidade com todas as centrais sindicais, FORÇA SINDICAL, CTB e etc. e dialogar com a população, com a juventude e com as representações dos estudantes a nível nacional, criando assim uma ampla unidade de ação contra estes ataques.
Construir uma alternativa política à burocracia
O imobilismo político também ocorre na direção do PSOL e do PSTU, o que impede a construção de um fórum para elaborar uma plataforma política e um calendário de resistência. Tardar nessa tarefa contribui para a fragmentação da esquerda brasileira na luta contra o governo de Jair Bolsonaro.
O PSOL elegeu 10 deputados Federais e vários Deputados Estaduais, deu um grande salto para se construir como grande partido da esquerda, porém é necessário sair apenas do discurso parlamentar.
Não podemos ficar inertes diante do que está acontecendo a nível nacional e nos demais Estados e Municípios. O partido necessita fazer um chamado aos demais partidos da esquerda combativa e aos setores da juventude organizada para construir uma frente política socialista independente para apresentar uma alternativa para a classe trabalhadora e para os oprimidos ao PT e ao lulismo.
Para finalizar, nosso partido precisa, da mesma forma, organizar desde já um encontro interno, pela base e respeitando as várias posições das tendências e dos setores independentes, para elaborar diretrizes políticas e organizativas para esse ano.