Fora as garras do imperialismo da Venezuela
Martín Primo, 27/09/2018
No marco da 73ª assembléia geral da ONU, o imperialismo ianque, com a cumplicidade de seus lacaios latino-americanos, lançou uma ameaça perigosa contra o povo venezuelano, oculta em uma agressão contra o governo Maduro.
Durante seu discurso, e por meio de um argumento macarthista reminiscente dos anos da “Guerra Fria”, o chefe dos EUA lançou uma ameaça dissimulada à soberania da Venezuela: “A sede de poder do socialismo leva à expansão, à incursão e opressão. Todas as nações do mundo devem resistir ao socialismo e à miséria que traz a todos. Nesse espírito, pedimos às nações aqui reunidas para se juntarem a nós em pedir a restauração da democracia na Venezuela.”. Não é preciso dizer que o chavismo nunca teve nem uma só fibra socialista. Sempre foi um projeto de capitalismo nacional baseado na renda do petróleo que fraco favor fez às bandeiras do socialismo e da emancipação da classe trabalhadora, mas isso não é o central nesta ocasião. É necessário que calibremos em sua justa medida o significado do “pedido à ONU para restaurar a democracia na Venezuela“.
Para ponderar essa proclamação em sua devida medida, é necessário incorporar outras declarações feitas pelo presidente ianque antes de seu discurso. Por isso, poucos minutos antes de seu discurso, consultado por jornalistas sobre a Venezuela, o presidente dos EUA disse: “Todas as opções estão na mesa. Todas. As fortes e as não tão fortes. Todas, e você sabe a que me refiro com forte“. Essas declarações constituem uma ameaça de intervenção militar contra o país sul-americano. Em vista de tal declaração, qualquer habitante do continente latino-americano, que não seja um execrável lacaio do imperialismo, deve levantar seu mais forte repúdio e a defesa incondicional da soberania da Venezuela.
Nesse sentido, as palavras de Mauricio Macri no Plenário da ONU foram um verdadeiro escândalo. Como fiel escudeiro do mandatário da Casa Branca, o lacaio que ocupa a Casa Rosada dedicou parte de seu discurso para informar que a Argentina denunciará a Venezuela perante a Comissão Criminal Internacional de Haia por “crimes contra a humanidade da ditadura venezuelana“. . Ouvir de Mauricio Macri alguma preocupação com crimes contra a humanidade seria uma verdadeira novidade se não fosse um verdadeiro ato de cinismo. Esta denúncia de Macri e do resto dos países que compõem o Grupo de Lima [i] nada mais é do que um baile de máscaras que esconde a mão do imperialismo ianque, que visa preparar o terreno para uma futura intervenção militar dos Estados Unidos, ou um golpe de Estado patrocinado por eles.
A defesa da Venezuela contra as ameaças diretas do imperialismo é uma questão de princípios que não significa dar o menor apoio político ao governo de Maduro. Sem dúvida, a crise humanitária pela qual a Venezuela está passando e as sérias limitações às liberdades políticas têm como principal responsabilidade tanto o governo Maduro quanto a burguesia cipaya e parasitária que controla o país sul-americano.
O desastre social e humano que regido pelo governo de Maduro deve ser resolvido pelos trabalhadores venezuelanos de forma independente e sem qualquer interferência dos Estados Unidos ou de seus cães de caça diante dos governos latino-americanos. Uma intervenção do imperialismo sob nenhum aspecto será de benefício para as massas venezuelanas, nem em nenhuma regeneração democrática de qualquer tipo. Por traz da intervenção imperialista, se escondem os interesses dos grandes grupos de poder da burguesia venezuelana e das corporações ianques. A regeneração do povo venezuelano só pode vir das mãos dos trabalhadores da Venezuela. Para isso, é necessário impor uma constituinte autenticamente democrática desde abaixo. A classe trabalhadora e os setores populares que sofrem com as condições atuais e que estão cansados de Maduro quanto das “hostes esquálidas” devem erigir verdadeiros representantes independentes, tanto da gangue de Maduro quanto da oposição pró-imperialista.
Chamamos os trabalhadores e setores populares da América Latina a repudiar as ameaças de Trump e a campanha cínica de Macri e do resto dos governos lacaios.
Fora as garras do imperialismo ianque da Venezuela!
[i] O Grupo de Lima é uma instância promovida pelos Estados Unidos contra o governo venezuelano que foi organizado na capital peruana em 8 de agosto de 2017 na capital homônima. Seu objetivo é ser uma segunda voz no avanço do imperialismo ianque em seus ataques contra a Venezuela. É composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. Este espaço é endossado pelos Estados Unidos, a OEA e a União Européia, bem como pela oposição esquálida venezuelana.
Tradução José Roberto