Estamos em um momento em que a mais ampla unidade entre os setores que defendem a universidade pública e a democracia no seu interior – principalmente em torno da luta contra os processos administrativos – é decisiva para mudar a atual situação de ofensiva repressiva e privatizante. Esta compreensão, de alguns setores, possibilitou que após meses de apatia, no dia 16/5, fosse realizado um ato que contou com a presença de mais de 500 manifestantes, durante o que seria a primeira oitiva. Mas, com medo da mobilização, Rodas determinou que essa sessão de depoimentos fosse suspensa.
Outro ponto alto da luta contra a repressão foi o ato-debate impulsionado pelo Práxis e por estudantes independentes realizado na ágora (ao lado do bandejão central), no dia 23 de maio. Neste evento, mais de 200 pessoas participaram de uma mesa que contou com professores, SINTUSP, representantes da São Remo, estudantes eliminados e processados e DCE. Além disso, as manifestações frequentes durante as oitivas demonstraram que existe na universidade uma crescente indignação contra o total absurdo que significam os processos contra mais de 50 estudantes.
A repressão política e a criminalização da luta não é uma postura exclusiva dos dirigentes da USP. Em todo o país, greves e manifestações são tratadas com truculência pela polícia, os tribunais as julgam ilegais e o governo e patrões tratam de tentar impor arrocho salarial e piorar as condições de trabalho. Na recente onda de mobilizações com greves no setor de transporte em vários estados e em outros setores (como os professores da Bahia que estão em greve a 48 dias), isto fica mais uma vez patente.
É essa mesma lógica que rege a política da reitoria da universidade de São Paulo. Combina políticas de privatização com os ataques aos que lutam em defesa da universidade pública e democrática. No caso da USP, medidas que visam elitizar, mais ainda, e privatizar a universidade – como a aprovação da instalação de catracas no prédio da FEA – não faltam.
Superar a política do DCE para derrotar Rodas
Entendendo que não estamos em uma situação “normal” no interior da universidade e que a reitoria move uma terrível ofensiva contra o movimento e o caráter público da universidade, é necessário portanto colocar todo o peso na luta contra os processos. Por isso, na última assembléia, dia 17 de maio, propusemos que o XI congresso dos estudantes, previsto para agosto, fosse adiado para que todas as forças do movimento estudantil estivessem a serviço da luta contra a repressão.
A direção do DCE (PSOL e PSTU), mantendo o seu costumeiro parlamentarismo estudantil, foi contra essa proposta afirmando que “não havia dicotomia entre a luta contra os processos e a organização do congresso”. Esse argumento não passa de uma falácia, pois a manutenção do congresso vai demandar uma série de atividades, como: debates pré-congressuais, eleição de delegados, entre outras. Na situação em que se encontra o movimento na USP, para podermos derrotar Rodas, temos que colocar todas as forças na luta contra os processos. Não priorizar essa luta divide os estudantes, enfraquece a mobilização e facilita o “trabalho” do reitor.
Mas, infelizmente, a direção do DCE não foi a única que acabou contribuindo para que o congresso não fosse adiado e a luta contra os processos não ganhasse força máxima. Os estudantes organizados na LER-QI também tiveram uma posição extremamente equivocada ao se absterem diante da polêmica entre manutenção ou não do XI congresso. O argumento utilizado foi o de que o congresso, se organizado com outra política (sic), poderia servir para a luta contra os processos. Ora companheiros, sabemos qual é a política da atual direção do DCE: evitar ao máximo a luta direta dos estudantes – e uma série de exemplos demonstra isso cabalmente. Assim, não ter uma posição categórica sobre questões cruciais revela, destas organizações e de outras, uma enorme falta de capacidade em assumir posições efetivas, quando a realidade demanda este tipo de comportamento. Isto, em política, é o que tipicamente se costuma denominar como centrismo político.
No entanto, a luta dos estudantes e trabalhadores através de ações como debates e o grande ato do ultimo dia 16/05 demonstra que ainda há uma reserva de combatividade e que é possível unir a comunidade universitária em torno de uma grande campanha democrática contra os processos. E está na prática apontando um caminho diverso do indicado pela direção do DCE e demais correntes: a centralidade total na luta contra os processos administrativos (leia-se, perseguição política). Compreendemos que é necessário, e possível, derrotar Rodas em sua tentativa de acabar com o caráter público da universidade e da luta política independente dos estudantes e trabalhadores que colocamos todas nossa forças. Por isso, vamos continuar apostando na estratégia de organizar atividades a partir da ampla unidade com aqueles que querem lutar pelo fim da repressão política e contra a privatização da universidade.
Contra a repressão e privatização
-Fim dos processos
-Abaixo o decreto regimental de 72
-Fora PM – Fora Rodas