Enquanto o entreguismo ultraliberal de Bolsonaro destrói o estado brasileiro no que diz respeito à soberania nacional, privatizando empresas de áreas estratégicas, a polarização político-eleitoral vai se agravando.
Da parte da esquerda da ordem (PT, PSOL, PCdoB e etc.) as ameaças de desrespeito a decisões da suprema corte, os questionamentos do processo eleitoral e a violência social e policial de matiz bolsonarista – vide o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips – que correspondem a um processo golpista concreto, são respondidas com conciliação de classes.
A política eleitoral desse setor, além de diluir o programa na chapa burguesa – perdendo a sua capacidade de qualquer transformação das condições de vida das massas -, alija intencionalmente as massas das ruas, o que acaba com qualquer iniciativa de resistência à perda de direitos e conquistas históricas.
Entender que somente o processo eleitoral poderá diminuir a sanha capitalista destrutiva do meio ambiente e de conquistas alcançadas com luta e sangue, muitas vezes, principalmente sob a égide de pressupostos neofascistas, é mais do que uma ingenuidade, mas sim, uma traição.
REDAÇÃO
Na manhã de quarta-feira, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro efetivou a privatização da Eletrobras, a maior empresa de produção e distribuição de eletricidade da América Latina.
A mudança entrou em vigor com o início da negociação na Bolsa de Valores de São Paulo na terça-feira. A empresa foi criada em 1962 durante o governo nacionalista de João Goulart. A Eletrobras desempenhou um papel importante no processo de industrialização do país. A partir de anteontem, pela primeira vez desde a sua fundação, passa a estar em mãos privadas.
O notável é que na primeira ronda de negociação, as ações da Eletrobras foram maioritariamente compradas por um fundo de investimento de Singapura. Dois outros grandes acionistas controladores emergiram da venda das ações: a empresa canadense CPPIB e a brasileira 3G Radar. Desta forma, a privatização também significou de imediato a sua estrangeirização. Exatamente na a empresa que distribui eletricidade para todo o país.
Bolsonaro liderou um ato de celebração em que abriu operações na Bolsa de Valores de São Paulo, tornando a privatização efetiva. Funcionários, homens de negócios e operadores da bolsa de valores celebraram no local com o presidente. No lado de fora, milhares de pessoas reuniram-se em rejeição à medida.
Após alienar as suas ações, a posição do Estado brasileiro na participação acionária foi reduzida de 75% para 49%, efetivando o controle privado da empresa. O Estado angariou cerca de 6 bilhões de dólares com a venda.
Outra das consequências imediatas da privatização será o aumento das tarifas de eletricidade. Segundo os especialistas do setor, os aumentos serão de pelo menos 8% no próximo ano.
Desastre neoliberal
Com a privatização, a geração de energia está subordinada sem qualquer mediação aos lucros destas empresas privadas que agora controlam o serviço. O governo quer que os brasileiros paguem as tarifas que um punhado de empresários estrangeiros decide, pura e exclusivamente com base nos seus lucros.
Além disso, como demonstrou a experiência da Argentina ( e mesmo no Brasil) com as privatizações dos anos 90, as empresas privadas responsáveis pelos serviços públicos estão levando a cabo uma forte redução do investimento com o objetivo de “baixar os custos” a fim de aumentar os seus lucros. Isto produz um serviço mais defeituoso e ainda mais caro para os usuários.
A conclusão é a mesma que a experiência histórica tem demonstrado repetidamente: as privatizações produzem um desastre, cujos únicos vencedores são os grandes empresários.
Este grave ataque de Bolsonaro deve ser enfrentado imediatamente. O governo já anunciou as suas intenções de que a Eletrobras liderasse o caminho para outra privatização. A da mais importante empresa brasileira de todas, a Petrobras.
Face a esta situação, o principal candidato da oposição, Lula da Silva, declarou que inverteria a privatização se fosse eleito presidente. É impressionante que enquanto Bolsonaro está tornando os seus ataques eficazes, o candidato do PT está pensando só nas eleições. Especialmente se tivermos em conta que este partido lidera as centrais dos trabalhadores e a grande maioria dos sindicatos, de onde poderia ser lançado um plano de luta contra a privatização e os planos neoliberais do governo, sem esperar pelo calendário eleitoral.
Longe disso, a aliança eleitoral de Lula com o conservador Alckmin anuncia que o próximo governo do ex presidente terá um caráter marcadamente social-liberal. As suas promessas eleitorais devem, portanto, ser tomadas com a maior desconfiança pela classe trabalhadora.