Renato Assad e Deborah Lorenzo

Nós da juventude (Já Basta) da corrente Socialismo ou Barbárie – tendência do PSOL expressamos nosso total apoio à greve dos professores da rede estadual de São Paulo que começou nesta última segunda-feira, dia 8. Esta luta expressa aquilo que vínhamos falando da possibilidade de abertura de frentes de luta contra Bolsonaro e seu negacionismo e governos estaduais e municipais que perpetuam a política criminosa contra a vida destes profissionais, dos alunos, de todos os funcionários da rede escolar e dos familiares destes setores. 

É importante ressaltar que a imposição criminosa da volta das atividades escolares acontecem em um dos momentos mais graves da pandemia. Há 3 semanas seguidas o Brasil apresenta uma média móvel acima de mil mortos por dia, somado a crise de colapso do sistema de saúde com a falta de oxigênio escancarada no Amazonas, que virou capa de jornais pelo mundo afora. Hoje são 235 mil vítimas da pandemia e do negacionismo. 

Não faltam relatos de profissionais da educação denunciando a incapacidade por falta de recursos do comprimento de protocolos de segurança, ainda assim Londres, que apresenta uma política rígida de controle do vírus, constatou que as instituições de ensino foram responsáveis, desde outubro, por 26% do número de contágios. Uma porcentagem maior que as infecções de ocorrência hospitalar (1). 

O Brasil segue a mesma tendência, havendo já inúmeros relatos e notificações de focos de infecção por coronavírus entre os profissionais da educação pública e privada. 

Em relação aos protocolos sanitários exigidos para o retorno às aulas, uma lista infindável de procedimentos de higiene como lavagem das salas de aula ao término de cada período, sanitização dos banheiros à cada utilização, higiene de utensílios de cozinha, apenas para citar alguns exemplos, exigiriam uma equipe redobrada. Contudo, a retomada das aulas presenciais vai na contramão reduzindo em até cinco vezes o número de funcionários da limpeza por turno, demitidos em plena pandemia.

Como se não bastasse, Doria, Rossieli (secretário estadual da educação)  e Fernando Padula (secretário municipal da educação) , que desde o começo da pandemia se colocam como oposição à política negacionista de Bolsonaro – o que não passa de demagogia eleitoreira – ignoram representantes da educação pública e atendem única e exclusivamente pais e mães das escolas privadas de elite de São Paulo. Estas que também vem apresentando um quadro grave de contaminação de seus profissionais. 

Esta imposição que coloca em risco a vida de jovens – vale ressaltar que a nova cepa do vírus encontrada em Manaus é mais letal e agressiva entre jovens – dos profissionais da educação, dos funcionários e familiares em geral escancaram o lobby para com o setor da educação privada que querem a manutenção econômica destas atividades. Ainda sim, com uma diferença gritante de recursos e estruturas, as escolas privadas já são palco de surtos de infecções entre alunos e professores, como foi o caso em Campinas da escola Jaime Kratz, onde 39 funcionários e 8 alunos foram infectados, com dois professores internados. 

Mobilizar para salvar vidas

A greve sanitária iniciada nesta semana se mostra fundamental na luta em defesa da vida, contra o negacionismo e contra os interesses do capital privado. Entretanto, é preciso que esta luta ganhe cada vez mais força para mudar a correlação de forças com os governos estaduais, municipais e Bolsonaro, fazendo com que recuem nesta medida criminosa. 

É urgente unir o movimento de greve, que por hora permanece dividido. Um grupo que terá seu direito ao teletrabalho garantido por lei seja pelo critério de idade, seja pela constatação de doença crônica. Um segundo grupo de adeptos à greve e, por fim, os que voltarão presencialmente às aulas na segunda. 

A segmentação enfraquece. É essencial que o movimento tenha coesão e vocalize as necessidades universais, os direitos básicos dos profissionais da educação para que desempenhem suas funções de maneira segura. Trata-se de difundir o sentimento coletivo de luta por direitos de uma categoria inteira, não de grupos específicos. 

Faz-se necessário e imprescindível também, que as entidades do movimento estudantil, DCEs, UNE, UBES, UMES se coloquem à disposição e construam em ampla unidade com o setor a luta em defesa da vida destes profissionais. É preciso denunciar e mobilizar de maneira permanente e pela base até que a imposição da volta às aulas, sem nenhuma segurança sanitária, seja derrotada e até que os professores e funcionários estejam devidamente imunizados e seguros. 

A autodeterminação dos profissionais da educação em conjunto com os estudantes e funcionários é vital para a edificação desta greve. A APEOSP deve ampliar a discussão e a organização de iniciativas de luta, que disputem a opinião pública e façam crescer a solidariedade e adesão. Para tal, faz-se urgente investir na convocação de assembleias com a comunidade escolar, tomando por base um comando greve amplo e irrestrito de todos os profissionais, alunos e funcionários.

Desde já disponibilizamos nosso portal e nossas redes para toda e qualquer denúncia contra esta medida criminosa imposta pelos governos estaduais e municipais que aderem ao negacionismo e genocidio bolsonarista. Nossa militância se levanta com vocês!

Aprendizagem se recupera. Vidas não!

Nenhum estudante, nenhum docente, nenhum familiar a menos!

1-https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/01/escolas-foram-responsaveis-por-tres-vezes-mais-surtos-de-covid-do-que-hospitais-desde-outubro-mostram-dados-britanicos.html