A chegada do 8 de Março marca mais um Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. De origem operária e socialista, essa data carrega consigo a luta de milhares de mulheres por todo o mundo e traz à tona diversas lições e tarefas históricas relacionadas à opressão de gênero – que constitui um dos fundamentos do sistema de exploração capitalista. Nesse sentido, assimilar e responder politicamente aos acontecimentos nacionais e internacionais vigentes é essencial para nos organizar, tomar as ruas e derrotar a ofensiva da extrema direita. Além disso, nesse processo, devemos lutar para mudar a correlação de forças e abrir caminho para a luta anticapitalista e socialista.

O avanço da extrema direita está diretamente relacionado ao aumento da opressão de gênero no Brasil e no mundo. As medidas de Trump nos EUA “decretando” o fim da diversidade de gênero, a intenção de Milei de revogar o aborto legal conquistado recentemente e com muita luta na Argentina, as ameaças da extrema direita ao limitado direito ao aborto no Brasil e diversos outros ataques, são evidências da ofensiva mundial encabeçada pela extrema direita, que visa cada vez mais aumentar a opressão e a exploração sobre os nossos corpos.

Assim, para que possamos acabar com a violência de gênero, que nos objetifica, superexplora, violenta, tira o direito de ir e vir e o de viver, conquistar o aborto legal, seguro, gratuito e nos hospitais e superar as mais diversas formas de opressão patriarcal, é necessário conectar essas demandas à luta pelas ruas contra o avanço da extrema direita, pela prisão de Bolsonaro e contra a escala de trabalho 6×1. Não à toa, eles (representantes da classe dominante) têm em sua agenda a acentuação da precarização do trabalho e, portanto, são contrários ao fim da 6X1. Esse regime de trabalho explora ao máximo os trabalhadores e afeta principalmente as mulheres, sobretudo as jovens, negras e periféricas; estas ainda são submetidas a jornadas duplas/triplas e ao trabalho doméstico não remunerado, análogo à servidão, portanto.

Além disso, em meio a esse avanço, o governo Lula-Alckmin, um governo liberal-social burguês, não move um só dedo para fora e para dentro das instituições em defesa das nossas reivindicações. Mesmo com Bolsonaro processado, colocado contra as cordas e a extrema direita em crise, a depender dessa burocracia traidora, tudo continuará decidido pelos de cima. Ou seja, sem a necessária participação e politização das massas, dentro dessa lógica burocrática, nada de significativo será conquistado e o recuo em várias questões é certo. Somente pelas ruas poderemos resistir, conquistar nossas pautas e mudar a correlação de forças a favor das mulheres, dos explorados e oprimidos. Assim, para prender Bolsonaro, todos os golpistas e seus financiadores e avançar a luta contra a extrema direita, é necessário não depositar nenhuma confiança nas instituições burguesas.

Nesse 8M, é necessário tomar como exemplo a luta das companheiras argentinas, que, em um levante nacional de milhares de mulheres e de pessoas que gestam, conquistaram o direito ao aborto legal nos hospitais. Direito esse que Milei ameaça revogar, mas, bravamente e sem nenhuma confiança nas instituições da classe dominante, elas se mobilizam novamente para defendê-lo. Essa luta deve servir de inspiração para uma nova Maré Verde que conquiste o direito ao aborto legal, seguro, gratuito e nos hospitais no Brasil. Uma vez que a ilegalidade do aborto é mais uma poderosa forma de opressão a serviço da exploração – sobretudo quando consideramos os fatores raça e classe – e fonte de imenso sofrimento, essa é uma demanda central não apenas das mulheres, mas de todos os explorados e oprimidos.

Por isso, nós da Juventude Já Basta! e da Corrente Internacional Socialismo ou Barbárie, pensamos que neste 8 de Março é central tomar as ruas para derrotar a extrema-direita. Mas, essa mobilização não deve parar aí. Em um momento histórico de acentuação das contradições capitalistas, de múltiplas crises e guerras, é necessário – e inevitável – que haja reações dos de baixo em todos os campos da vida. Não devemos fazer como pede o atual governo – bem como seus velhos e novos apoiadores políticos que romperam com a independência de classe -, que a todo custo tenta desmobilizar a luta nas ruas e a auto-organização das massas, colocando todas as esperanças nas instituições do regime. Pelo contrário, nesse 8 de Março, além de exigir que CUT, UNE, MMM e todas as organizações que rompam com a apatia, devemos organizar nossas bases, tomar a política em nossas mãos e ir às ruas pela prisão de Bolsonaro, de todos os golpistas e financiadores; pelo aborto legal, gratuito, seguro e nos hospitais e pelo fim da escala de trabalho 6×1 e por 30h de trabalho semanais. Construindo, assim, um grande levante de massas que parta dessas bandeiras, mas que aponte para o fim de toda exploração e opressão contra as mulheres, a juventude e a classe trabalhadora.

É para lutar por essas e outras bandeiras, para construir um movimento feminista independente, combativo e anticapitalista que nós, mulheres da Juventude Já basta!, convidamos-te. Some-se à nossa coluna neste 8 de março e, também, à nossa organização!