Por Ana Paula Lescano e Víctor Artavia 

No dia 22 de junho aconteceu a inauguração da Casa Rosa Luxemburgo, a nova sede da Juventude Anticapitalista Já Basta! e da Corrente Socialismo ou Barbárie (SoB). O evento contou com a presença de 70 pessoas, incluindo estudantes universitários, trabalhadores e militantes de outras organizações de esquerda.

Um espaço para a discussão e organização da juventude!

A Casa Rosa Luxemburgo foi pensada para ser um espaço de discussão sobre política nacional e internacional, assim como para estudar o pensamento anticapitalista e socialista revolucionário. 

Essa é uma tarefa que achamos fundamental no Brasil de hoje, polarizado entre a extrema direita bolsonarista e a frente ampla de Lula com setores da burguesia, da qual faz parte a chamada “esquerda da ordem” representada pelo PSOL (composta por várias correntes trotskistas, como o MES e a Resistência). 

Diante dessa capitulação à conciliação de classes, é fundamental acumular forças para colocar em pé uma esquerda anticapitalista e socialista, ou seja, que forme e eduque a sua militância na independência de classe. 

Por isso, mudamos a nossa sede para um local próximo à USP, pois sabemos da importância histórica que tem a Universidade de São Paulo no movimento estudantil e para a formação de quadros políticos da esquerda revolucionária brasileira. 

Nosso objetivo é que a Casa Rosa Luxemburgo, além de ser uma espaço para debater política, também seja um ponto de encontro para nos organizar e lutar contra os governos e a extrema direita bolsonarista, assim como pelo nosso direito à educação pública, pela emancipação da classe trabalhadora, das pessoas negras, LGBTQIA+, das mulheres e de todos os explorados e oprimidos. 

Portanto, estamos muito contentes e orgulhosos do lançamento da nossa nova sede, a qual representa um esforço grande e militante para uma organização da esquerda independente que não recebe dinheiro do Estado, nem de empresas e muito menos de bancos. O financiamento desta sede é produto do esforço da nossa militância, apoiadores e, claro, da Corrente Internacional Socialismo ou Barbárie. 

Um debate necessário!

A inauguração da Casa Rosa Luxemburgo se combinou com um momento muito importante para nossa corrente internacional: o pré-lançamento do livro “O Marxismo e a Transição Socialista” do Roberto Sáenz, dirigente do “Nuevo MAS” da Argentina e da Corrente Internacional Socialismo ou Barbárie. Esse livro será publicado este ano em espanhol e, em 2025, em português, francês e inglês. 

Aproveitamos a visita do autor ao Brasil para fazer a primeira apresentação pública do livro, o que consideramos uma vitória para nossa organização, algo que permitiu um maior conteúdo político ao lançamento da Casa Rosa Luxemburgo. Além de Sáenz , a palestra de apresentação contou com a destacada participação de Plínio de Arruda Sampaio Jr., reconhecido economista marxista, professor aposentado do Instituto de Economia da UNICAMP e editor chefe do site Contrapoder e quem escreverá o prefácio para a edição brasileira. Também participou do debate Antonio Soler, autor do livro “Colapso do lulismo”, dirigente da Corrente Socialismo ou Barbárie no Brasil e professor da rede Estadual. 

Como o próprio nome sugere, a obra faz um balanço estratégico das revoluções do século XX e analisa porque não deram passo à transição ao socialismo. Particularmente, o livro estuda o caso  da burocratização stalinista, um fenômeno contrarrevolucionário que destruiu as bases operárias da União Soviética e mudou a natureza do Estado de operário para burocrático. 

A tese central do livro é simples: não pode haver transição ao socialismo se a classe operária não exerce diretamente o poder! Nenhuma classe ou casta pode substituir a classe trabalhadora na construção do socialismo, mesmo que as relações jurídicas estabeleçam que os meios de produção sejam propriedade coletiva. 

No caso da União Soviética aconteceu um fenômeno novo e sem precedentes históricos: a burocracia stalinista tirou o poder das mãos da classe operária e, embora mantivesse formalmente a propriedade socializada e reivindicava o socialismo, na realidade instaurou uma nova forma de exploração do trabalho a partir do controle do aparato estatal. Como expôs Roberto Sáenz na sua apresentação, o colapso do bloco soviético foi um fato objetivo que ainda precisa ser explicado; uma tarefa que corresponde inteiramente à atual geração de revolucionários e revolucionárias. 

Acreditamos que esse é um debate necessário para o relançamento do socialismo revolucionário no século XXI, particularmente no Brasil, onde o stalinismo ganhou terreno entre setores da juventude, em grande parte devido ao desastre oportunista das correntes trotskistas que permaneceram no PSOL, bem como das correntes que, permanecendo no campo da independência de classe, até agora não conseguiram romper com o sectarismo. 

Aliás, a maioria das correntes trotskistas insistem que a União Soviética foi um “Estado operário burocrático” (é o caso do PSTU e do MRT no Brasil, duas correntes objetivistas e sem balanço estratégico do século XX), mesmo quando todas as evidências históricas disponíveis apontam para a direção oposta, ou seja, mostram que a classe trabalhadora perdeu o poder sob o stalinismo. Isso ficou evidente durante a queda do Muro de Berlim e dos países do Leste Europeu: os trabalhadores saíram às ruas não para defender seu suposto Estado operário, mas para exigir o fim do stalinismo e apoiar a restauração do capitalismo!

Participe e colabore com a Casa Rosa Luxemburgo!

A partir do próximo semestre realizaremos atividades de discussão política, formação teórica e culturais na Casa Rosa Luxemburgo. Convidamos a todes a participar das atividades e conhecer de perto as propostas estratégicas e políticas da corrente Socialismo ou Barbárie e da Juventude Anticapitalista Já Basta! 

Também convidamos a todes para colaborar financeiramente com a construção e manutenção deste espaço de esquerda independente!